quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Avenida Prof. Adhemar Bolina.

No final dos anos 60, no século passado, Salesópolis - ou a Vila, como era chamada pelos pioneiros - se viu invadida por grande alvoroço. 
A implantação da primeira linha de oleoduto - entre São Sebastião e Paulínia - trouxe muita agitação para o município. A empresa Techint – Companhia Técnica Internacional- instalou uma de sua base de operações nos arredores e a pacata cidade se viu tomada pelo que havia de mais avançado na engenharia civil. Junto com os equipamentos veio levas de pessoas com sotaques e hábitos inovadores. O resultado foi o avanço populacional oriundo da imigração típica da obra, do êxodo rural provocado pela desapropriação do terreno alagado pela Barragem de Ponte Nova e daqueles que viam nas ofertas de emprego uma nova perspectiva para o futuro.
Em meio a essas mudanças, o tráfico na rua XV de Novembro transbordava com presença de grandes carretas e acentuou a necessidade de se criar uma alternativa para desafogar o trânsito local.
A instalação da segunda linha de tubos, pela Techint, já coincidia com a euforia do uso do eucalipto na celulose e a presença do Oleoduto abriu e melhorou o acesso às montanhas da Serra do Mar e ao Vale do Paraíba.
Segundo o pioneiro Marcílio Santos de Morais, o Moacir Catarino, “A empresa Papel Simão (atual Fibria) investia na região da Bela Vista, em Santa Branca, substituindo as áreas de canaviais por eucaliptos. Eram dois “paus-de-arara” transportando funcionários diariamente, ao mesmo tempo em que o plantio feito, em larga escala, pela Companhia Suzano na cabeceira do Paraitinga começava a produzir. Era comum ver caminhões quebrados no centro ou nas partes elevadas da rua central. Em dias de festas ou na primeira quinta feira do mês, a circulação ficava tumultuada”. Conclui Moacir (Foto).
O primeiro passo foi a drenagem das margens do Paraitinga entre a Rua Abílio dos Passos e a atual Sebastião Nepomuceno.As primeiras viagens de eucalipto, da Gleba 09, foram realizadas pelos senhores José Antônio Pinto (Zé Chaves), João Barbosa (Sabino), o próprio Catarino, entre outros, enquanto a avenida continuava a ser construída.
Em 1977 era possível transpô-la com carros de pequeno e médio porte.
O sucesso do aterro marginal e a triplicação do transporte trouxe o asfalto, feito notável na época. Crente da construção da segunda mão viária, na outra borda do rio, não foi considerado o feitio de acostamento na primeira.  
Batizada de Professor Adhemar Bolina, com a conclusão do asfalto Salesópolis-Tamoios, a avenida nova recebia também os veranistas que visitavam o litoral norte.
A partir de 1985, a forma de carregamento de madeira foi alterada. Os caminhões de 7, 12, 14 toneladas cederam espaço para as carretas e veículos conjugados. Era o resultado da primeira experiência com balança na atual Alfredo Rolim de Moura, que inviabilizava o transporte de eucalipto, para o consumo final, com caminhões de pequeno porte.
No final da década de oitenta, coube ao Sr. Francisco Wuo, vice-prefeito eleito, arborizar toda a extensão concluída.
Mesmo sendo o volume de cargas transportadas cada vez maior, em 1994, foi eliminada a função de mão dupla em grande parte da rua XV de Novembro sobrecarregando ainda mais o corredor marginal.
Na última década, a alameda ganhou o complemento final da segunda via, mas a parte que destinava ao entroncamento com a Rodovia Alfredo Rolim de Moura, no sentido litoral, continua sem perspectiva de construção e recebe caminhões com cargas que variam de 5 a 70 toneladas. O resultado são os rombos que a avenida construída sobre entulhos vem apresentando; a restauração da rede de esgoto, em sua extensão, mostrou isso.   
Outros fatos vieram a culminar com o desassossego da população. Um deles foi a decretação de área de lazer no trecho final da segunda via - entre a Rua Sebastião Nepomuceno e a Avenida Camargo Primo -, além do remanejo da linha de ônibus intermunicipal que transitava pelo centro e das cargas pesadas para a “Adhemar Bolina”. Como existe comércio na extensão desse logradouro, qualquer veículo que estacione interrompe o trânsito e, somem-se a isso os ônibus escolares, além dos utilitários que seguem em mão dupla num trecho sem acostamento e com má sinalização.
Com a realização do calçamento, nota-se que um acostamento funcional está descartado. Outro desconforto enfrentado pelos munícipes é a falta de acomodação digna. Além de caminharem por longas distâncias, necessitam de paciência para aguardarem por uma condução de horários incertos, amontoados em pontos em toda a extensão da Avenida e, enquanto do outro lado, por razões políticas ou financeiras, agora batizada de Avenida Pedro Rodrigues de Camargo Neto, na sua fase final é utilizada por poucos usuários em seu lazer.
Assim, a Avenida Professor Adhemar Bolina, cumpre o seu papel e, como o seu patrono, é polêmica. Para Salesópolis é a saída, mas para os salesopolenses tem sido o seu algoz.

Fotos: CV e Foto Faria