No final dos anos 60, no século passado, Salesópolis -
ou a Vila, como era chamada pelos pioneiros - se viu invadida por grande
alvoroço.
A implantação da primeira linha de oleoduto - entre São
Sebastião e Paulínia - trouxe muita agitação para o município. A empresa
Techint – Companhia Técnica Internacional- instalou uma de sua base de
operações nos arredores e a pacata cidade se viu tomada pelo que havia de mais
avançado na engenharia civil. Junto com os equipamentos veio levas de pessoas
com sotaques e hábitos inovadores. O resultado foi o avanço populacional
oriundo da imigração típica da obra, do êxodo rural provocado pela desapropriação
do terreno alagado pela Barragem de Ponte Nova e daqueles que viam nas ofertas
de emprego uma nova perspectiva para o futuro.
Em meio a essas mudanças, o tráfico na rua XV de
Novembro transbordava com presença de grandes carretas e acentuou a necessidade
de se criar uma alternativa para desafogar o trânsito local.
A instalação da segunda linha de tubos, pela Techint, já
coincidia com a euforia do uso do eucalipto na celulose e a presença do
Oleoduto abriu e melhorou o acesso às montanhas da Serra do Mar e ao Vale do
Paraíba.
Segundo o pioneiro Marcílio Santos de Morais, o Moacir
Catarino, “A empresa Papel Simão (atual Fibria)
investia na região da Bela Vista, em Santa Branca, substituindo as áreas de
canaviais por eucaliptos. Eram dois “paus-de-arara” transportando funcionários
diariamente, ao mesmo tempo em que o plantio feito, em larga escala, pela
Companhia Suzano na cabeceira do Paraitinga começava a produzir. Era comum ver caminhões quebrados no centro
ou nas partes elevadas da rua central. Em dias de festas ou na primeira quinta
feira do mês, a circulação ficava tumultuada”. Conclui Moacir (Foto).
O primeiro passo foi a drenagem das margens do Paraitinga entre a Rua Abílio dos Passos e a atual Sebastião Nepomuceno.As primeiras viagens de eucalipto, da Gleba 09, foram
realizadas pelos senhores José Antônio Pinto (Zé Chaves), João Barbosa
(Sabino), o próprio Catarino, entre outros, enquanto a avenida continuava a ser
construída.
Em 1977 era possível transpô-la com carros de pequeno
e médio porte.
O sucesso do aterro marginal e a triplicação do
transporte trouxe o asfalto, feito notável na época. Crente da construção da segunda
mão viária, na outra borda do rio, não foi considerado o feitio de acostamento
na primeira.
Batizada de Professor Adhemar Bolina, com a conclusão
do asfalto Salesópolis-Tamoios, a avenida nova recebia também os veranistas que
visitavam o litoral norte.
A partir de 1985, a forma de carregamento de madeira
foi alterada. Os caminhões de 7, 12, 14 toneladas cederam espaço para as carretas
e veículos conjugados. Era o resultado da primeira experiência com balança na
atual Alfredo Rolim de Moura, que inviabilizava o transporte de eucalipto, para
o consumo final, com caminhões de pequeno porte.
No final da década de oitenta, coube ao Sr. Francisco
Wuo, vice-prefeito eleito, arborizar toda a extensão concluída.
Mesmo sendo o volume de cargas transportadas cada vez
maior, em 1994, foi eliminada a função de mão dupla em grande parte da rua XV de
Novembro sobrecarregando ainda mais o corredor marginal.
Na última década, a alameda ganhou o complemento final
da segunda via, mas a parte que destinava ao entroncamento com a Rodovia
Alfredo Rolim de Moura, no sentido litoral, continua sem perspectiva de
construção e recebe caminhões com cargas que variam de 5 a 70 toneladas. O
resultado são os rombos que a avenida construída sobre entulhos vem
apresentando; a restauração da rede de esgoto, em sua extensão, mostrou
isso.
Outros fatos vieram a culminar com o desassossego da
população. Um deles foi a decretação de área de lazer no trecho final da
segunda via - entre a Rua Sebastião Nepomuceno e a Avenida Camargo Primo -,
além do remanejo da linha de ônibus intermunicipal que transitava pelo centro e
das cargas pesadas para a “Adhemar Bolina”. Como existe comércio na extensão desse
logradouro, qualquer veículo que estacione interrompe o trânsito e, somem-se a
isso os ônibus escolares, além dos utilitários que seguem em mão dupla num
trecho sem acostamento e com má sinalização.
Com a realização do calçamento, nota-se que um
acostamento funcional está descartado. Outro desconforto enfrentado pelos
munícipes é a falta de acomodação digna. Além de caminharem por longas
distâncias, necessitam de paciência para aguardarem por uma condução de
horários incertos, amontoados em pontos em toda a extensão da Avenida e,
enquanto do outro lado, por razões políticas ou financeiras, agora batizada de
Avenida Pedro Rodrigues de Camargo Neto, na sua fase final é utilizada por
poucos usuários em seu lazer.
Assim, a Avenida Professor Adhemar Bolina, cumpre o
seu papel e, como o seu patrono, é polêmica. Para Salesópolis é a saída, mas
para os salesopolenses tem sido o seu algoz.
Fotos: CV e Foto Faria