quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Na idade do lobo. (Geração boca de sino)

fundosanimais.com (google)
 O futuro chegou. Após anos de aprendizados, chegar aos quarenta, cinquenta, sessenta anos significa apossar-se da melhor fase da vida. Muitos intelectuais concordam com essa afirmação e têm lá suas razões. Não se trata de uma postura que todos tenham que assumir; outros fatores – biológico, emocional, educacional, religioso, classe social – interferem antecipando ou retardando essa conquista. Com uma expectativa de vida em torno dos setenta anos, no Brasil, atingir esse limite significa estar avançando para o fim de uma estrada desconhecida, mas necessária. O certo é que o homem ou a mulher, quando atingem esse patamar mostram-se mais tranquilos. Todos os “quarentões” ou “quarentonas” já superaram provações que lhes deram experiências. É um caminho sem volta. Mas nem tudo é tristeza. Atingir a maturidade é uma conquista. Todos os lobos, quando adultos, conhecem o terreno por onde pisam; são senhores dos pormenores das coisas boas da vida. Como já dispõem de um papel definido na sociedade, sabem que agora já não há espaços para sonhos e sim para a realidade. Ciente de que a vida já definha, as lutas são direcionadas para os mais belos ideais. Há, no entanto, o lado triste da história. Nessa etapa o organismo cobra os efeitos das tardes ensolarada da adolescência, da cuba libre, das noites da Disco, das experiências com as drogas leves, da exagerada busca pela vida sexual limitada pelo avanço das DSTs no final do século passado. Outra ducha de água fria que cai sobre os homens é o câncer na próstata.
As dificuldades orgânicas femininas são superadas. Elas, desde cedo, são obrigadas a se exporem aos cuidados médicos; portanto, na chegada da menopausa, suas conseqüências são menos dramáticas. Ao contrário, os homens enfrentam outra dura prova. Por terem sido criados nos hábitos severos do machismo, o preconceito de se expor ao desafio do toque retal os atormenta. Uma ampla campanha esclarecedora vem sendo feita para que eles entendam a necessidade da prevenção. Não contido em tempo, o câncer é uma moléstia que causa muito sofrimento ao paciente e aos familiares. Logo, prevenir é poupar dores e transtornos; isso, sem falar na probabilidade maior de óbito prematuro. Sensato é todo aquele que estiver entrando nessa faixa etária, deixar se levar pelos benefícios da prevenção e partir em busca da cura desse sintoma que, quando agravado, oferece resistência. O toque retal masculino, hoje, é um ato de superação e, acima de tudo, de sabedoria.

Geração Boca de Sino
foto- 180graus.com (google)
No linguajar da adolescência "setentista"(gíria dos anos setenta) seria mais ou menos assim: Pô, pra que ficar “encucado”, irmão; para quem já teve uma “cuca legal”, “ser ou não ser” é melhor “tar por cima”. Todo “pão” tem que “dar um rolê” e levar “um léro” com sua “pantera”; com um “papo legal” e sem “caretice”, falar com ela das suas ansiedades. Nada é tão “chocante”.” Contando com o apoio da “gata” tudo vai ficar “às pampas”! “Bicho”, não vai “dar bóde”! Todo doutor é profissional e cada diagnóstico é apenas mais um no consultório dele. “Podes crer amizade", tudo vai ficar “numa boa”; então, “qualé o grilo”? É um “grande barato” “tar ligado” na saúde, "sacô"!. É hora de se deixar “fazer a cabeça”. Saia do “sufoco” e antes que a coisa fique “russa, podes crer que a galera tá contigo e não abre”. “Se liga” no vai e vem das ruas. O estilo Boca de Sino e temas ligados à moda da época estão de volta. Veja quanta “tigreza” expondo o umbiguinho, a “barriguinha” sexy, valorizando as camisetas, os cabelos soltos e com barras de quarenta centímetros montada num “plataforma”. É "isso aí"! “Não fique só na sua, caia na estrada” e procure “curtir a vida’.“É legal” “tar por dentro” das novidades. Como a moda, os hábitos foram revistos, é hora de voltar no tempo; e, sem ser “patrulhado”, "sair por aí". Ainda há muito para se viver daquela “paz e amor” que se pregava na juventude, falô”!.

Na idade do Lobo. (Geração Boca de Sino)  março de 2005- Jornal A Notícia de Salesópolis.

sábado, 15 de outubro de 2016

O telão

 (À todos aqueles que se dedicam (ou dedicaram) à difícil arte de educar e a fazem - ou fizeram - com responsabilidade).
Uma tela na parede; muda e sem vida.
O auditório também era pequeno, muitas vezes, grande para um número de pessoas que vinham ocupar seu espaço. Não que houvesse restrição, mas pela falta de interesse ou de tempo e tantas coisas banais que contribuíram para que uma quantidade reduzida de indivíduos se propusesse a assistir, a ouvir e entender os sons emitidos durante qualquer imagem.
A tela inerte, que estava muda, ao toque humano e pela ação do giz ganhava vida. Nela, surgiam gráficos, mapas, palavras exóticas, coisas do passado; Roma de Júlio César, Grécia de Pitágoras, antigo Egito.
Os operadores se renovavam, o telão se tornava mágico indo além do auditório. Influenciava a vida nas ruas, nos casebres, nas mansões; chegava ao dia-a-dia e avançava para o futuro levando consigo os expectadores a tomarem novos rumos em suas vidas.
Por trás da calma rotina, evidenciavam-se os artigos científicos; o átomo; as combinações dos elementos; as relações humanas; o avanço espacial; as descobertas de Colombo; o mundo atual; as chances de cada continente; a probabilidade dos ataques nucleares; os avanços científicos; as novas moléstias; os antídotos; do “bê-á-bá” à física quântica; frutos dos anos de faculdades eram expostos de forma ininterrupta.
O mundo e suas situação geográfica; a vida de um modo geral; a localização dos povos; os regimes aos quais eram submetidos; os abusos antinaturais cometidos pelo homem e as suas consequências; os desertos, as savanas, mares e animais em extinção.
A arte de adicionar recursos, multiplicar esforços, subtrair egoísmo e dividir as responsabilidades.
Nos intervalos, cenas de amor, imagens de sonhos e fantasias; a euforia da idade das espinhas, do “selinho” escondido; uma gaivota a voar, a onda a invadir a praia...
No epílogo, os países em conflitos; a morte pela fome, as perseguições e a marginalização; ao fundo, um cenário azul escurecido pelas fumaças vindas do progresso.
O objetivo de tanto esforço, era dar às crianças condições de vencerem as provações do cotidiano. Com o passar do tempo, os meninos cresceram e foram emoldurando seus dias nas informações que aprenderam nas aulas e no convívio com os demais amigos. Adultos, estão colhendo os frutos da aplicação das horas dedicadas ao aprendizado.
Quanto aos mestres, muitos caíram no esquecimento. O passar dos anos, os levaram por caminhos alheios as suas vontades. Questões políticas, cartéis, nortearam seus destinos em busca de seus objetivos.
Neste quinze de outubro, é a oportunidade de rendermos  homenagens aos nossos professores. Pessoas que abraçaram a dura arte de ensinar e a fizeram com esmero. Aqueles que nos acolheram numa época em que nos perdíamos em ideias, e fizeram da nossa formação o seu ideal.
Foto: publicdomainvectors.org (google)




sábado, 1 de outubro de 2016

Pastores e lobos.

Um homem e seu cajado. Essa é a figura tradicional do pastor. Tem a responsabilidade é zelar pelo seu rebanho. Sua missão é cuidar pela integridade do grupo; salvá-lo dos ataques dos predadores, socorrer as fêmeas nos partos, sanar os feridos, levá-lo ao córrego para saciar a sede, garantir-lhe, enfim, segurança em pastagens abundantes. Mas, para isso, constrói-se cerca de arame farpado para impedir a fuga dos seus protegidos. Vivem presos: pastores e carneiros
obramaranata.wordpress.com 2011
em seu aprisco e obrigados a conviverem uns com os outros.

Tal qual uma manada, os homens também são obrigados a se inclinarem perante líderes que se dizem zelosos pela sua felicidade. As necessidades são parecidas. Humanos dependem de espaços, liberdades, aprendizados; de alguém que cuide de suas chagas, que lhes proporcionem alimentos de boa qualidade. Contudo, para o cargo de dirigente deve-se ter sobriedade, ser respeitado por sua conduta, ter bom diálogo e índole incontestável. Ele tem que conhecer as necessidades de seus conduzidos e, juntos, buscarem o bem comum. A realidade, entretanto, mostra-se contraditória. O rebanho humano há muito vive disperso. Isso os tornou preconceituosos, marginalizados, gananciosos. Por serem mal administrados, se apegam aos subornos, ignoram o óbvio e se proclamam autossuficientes. Na verdade, comem na mão de falsos condutores e rezam para que amanhã seja um novo dia...
O pastoreiro, se a ovelha é arredia, amarra-lhe as pernas, fere no focinho, mete-lhe canga para que não fuja. Quanto às pacíficas, rouba-lhes o leite, a lã e as crias.
Os líderes humanos, com as omissões evidentes, permitem que os apriscos duelem entre si criando facções ideológicas, chantagens e latrocínios. Dos que sobrevivem, sangram-lhes os bolsos com propinas, impostos e taxas exorbitantes. Negam-lhes a cultura e os mantêm acuados, sem empregos, sem destino e confinados na vala do subdesenvolvimento...

Típico de todo pastor, o qual cuida do seu rebanho não lhe visando a felicidade, mas tão somente a tosquia e o abate!


domingo, 25 de setembro de 2016

Ares- Associação dos Recicladores de Salesópolis

                                     

Em 2003, um grupo de jovens do Distrito Nossa Senhora dos Remédios, pretendia fazer uma viagem e, diante da falta de dinheiro, viram na coleta de materiais recicláveis uma alternativa para atingir seu objetivo.
Em seguida, perceberam que isso poderia gerar ocupação e renda; depois de várias reuniões, decidiram constituir uma cooperativa.
No ano seguinte, embora precariamente, o Grupo de Recicladores estava ativo e conseguiram com a Prefeitura Municipal a cessão de um espaço para a instalação e armazenagem dos materiais recicláveis coletados.
Assim, em 2005, foi fundada a A.R.E.S.-Associação dos Recicladores de Salesópolis Graças à parceria com Prefeitura Municipal, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Rede Cata Sampa e M.N.C.R, a ARES já soma algumas importantes conquistas como: Aquisição de veículos e de equipamentos, além de cursos de capacitação.
Fardos de Pet
A ARES - Associação dos Recicladores de Salesópolis, é parceira da Prefeitura da Estância Turística de Salesópolis na coleta seletiva, que desempenha trabalho de grande importância ao município, diminuindo o impacto ambiental e reduzindo o volume de lixo depositado em aterro sanitário e envolve diretamente 18 associados.
Em 2016, em plena atividade e com potencial para crescer e se desenvolver, a ARES depende do maior envolvimento de toda a população salesopolense, pois atinge uma parcela ainda pequena de doadores.
Você também pode ajudar!
Você é um agente fundamental para essa mudança!
Separe e doe os materiais recicláveis de sua casa, trabalho ou escola.

O que é reciclável?
Plástico: tampas, potes, frascos, garrafas Pet, PVC, tubos e conexões, brinquedos quebrados, baldes, sacos, etc...
Papel: jornais, revistas, papelão, lista telefônica, envelopes, embalagens incluindo Longa Vida, cartolinas, sulfites e impressos em geral.
Fardos de PET
Vidros: Potes, garrafas, garrafões entre outros.
Metal: Alumínio, latas, fios, sucatas de ferro etc...
Informática- CPUs, monitores, impressoras, cartuchos;
Eletrodomésticos, geladeiras, ferros, fornos, fogões;
Resíduos de óleos de cozinha, etc..

O que não é recolhido nas coletas:
Restos de comidas, cascas, lenços, guardanapos de papel, papel higiênico, fraldas, acrílicos, espelhos, cerâmicas, porcelanas, madeiras etc...

Os resíduos eletrônicos como pilhas, baterias, lâmpadas e medicamentos vencidos devem ser entregues em postos autorizados.
Atualmente, a ARES realiza a coleta seletiva solidária porta-a-porta em 16 bairros de Salesópolis e no Distrito Nossa Senhora dos Remédios; nas escolas municipais e estaduais; comércios e residências. São produzidas, mensalmente, cerca de 60 toneladas de materiais recicláveis que são destinados às indústrias recicladoras da região.
PRA QUE PAGAR PRA ATERRAR, SE NÓS PODEMOS RECICLAR?
PARTICIPE! COLABORE!
Reciclar é REDUZIR, REUTILIZAR, ATUALIZAR...
Janayna de Souza Silva. Coordenadora
Tel: 9974-6581 4696-4479

e-mail:arescoletaseletiva@yahoo.com.br

fotos: Ares e snascimento


sábado, 13 de agosto de 2016

Sol Poente.

     "Ser idoso não é um desejo ou um castigo, mas uma condição imposta pela Natureza a todos os seres vivos que habitam sobre a terra".

Sol se pondo na Serra da Mantiqueira.
   Vinda do nada uma pomba aparece, voa entre as árvores e pousa na praça. Com seu andar entrecortado, sua atenção é para os restos deixados na grama. O lugar é conhecido e nada a amedronta: nem os cães, os gatos ou as pessoas que ali frequentam. Ela é alvo de atenções diárias.
   Como aquela pomba, seus admiradores também já voaram pelos quatros cantos do mundo em sonhos, conheceram a solidão, as guerras e as transformações da humanidade que, como o mar, é inquieta num vai e vem constante. Fizeram famílias, lançaram suas sementes ao vento. Algumas vingaram, outras se perderam entre as “ervas” daninhas. Sofreram perseguições e seus credos os decepcionaram. Tudo ruiu com a revolução dos hábitos. Tantas verdades eles defenderam e viram cair por terra os seus ideais. A modernidade avançou de forma desenfreada. A sabedoria era como um conta-gotas que, aos poucos, ia pingando sobre as mentes ilustres. De uma hora pra outra, transformou-se num jato que inunda os povos.
   Leais defensores de Getúlio ainda guardam aquela notinha de dez cruzeiros, desvalorizada, onde estampa a imagem do imponente gaúcho, além do quadro exposto na sala de estar.
    Os militares se renderam ao clamor da liberdade, mas os libertos não entenderam o significado dessa conquista. Com isso, os idosos estão perdendo na guerra da competição.
   Omitem-se quando o assunto é polêmico; ignoram se o tema é sobre laqueadura ou vasectomia. A cesariana ainda os convenceu porque a juventude é cheia de manias e comodismo. Rejeitaram os anticoncepcionais e os preservativos: tinha que ser ao natural e de luz apagada; se a viagem era íntima, o escuro favorecia o tato trazendo um clima de suavidade e segredo. Já não há tantos partos caseiros como outrora; “a mãe do corpo” tem nome próprio; o “mal dos sete dias” está controlado e as mulheres estão menos “criadeiras”...
   Dos feitos da infância pouco se lembram. O futuro é, e sempre será, uma incógnita. Tantos anos se foram. Quanta luta?... Com o declínio da libido, os ânimos se acalmaram porque há menos agressividades e as lembranças dos maus momentos foram superadas. O tempo, agora, é de confraternização, de rever as coisas simples: o café com leite trazido direto do curral; ovos vindos do ninho, a broa assada no fogão a lenha, a linguiça e o toucinho pendurados no “fumeiro”, apanhar jabuticaba uma a uma, ouvir Noel Rosa num disco de 78 RPM ou Nelson Gonçalves e seus momentos mais inspirados.
   Há momentos de tristezas quando se lembram das pessoas que foram dizimadas pelas moléstias, da fome e da miséria que assolam oo mundo. Mas o conselho dos anos tem mostrado que tudo o que é bom ou ruim acaba passando. Assim, a viroses, como toda a moléstia, um dia vai passar. Um dos poucos fatos que talvez não vá tão cedo são as lembranças dos momentos em que deixaram de seguir as ordens do coração.
Quem já provou de tantos vinhos e se embriagou de fel, merece um tempo. É hora de rever os planos, de ficar a toa; de contemplar sua obra, relembrar dos velhos amigos e suas fantasias. O mesmo sol de tantos anos ainda brilha no firmamento. A lua, fiel confidente de seus devaneios, enfeita a noite estrelada. Não importa se com passos lentos, semblantes cansados... A chama da vida mantém-se acesa; então, alegrem-se! Ser idoso não é um desejo ou um castigo, mas uma condição imposta pela Natureza a todos os seres vivos que habitam sobre a terra. Revejam suas roupas alegres, seus ternos de linho e abusem das alegrias. A sua contribuição física para o mundo, nesta vida, está concluída. E, como o oceano não se julga pelas marés ou pelas ressacas, assim como a árvores são consideradas pelos frutos que produzem; também os homens são alvo de júri, não pelo nascer ou pelo limiar dos anos, mas, pelo bem ou mal que protagonizaram nessa vida. Aos demais cidadãos, cabe a responsabilidade de providenciar meios que deem à sábia idade, o direito de envelhecer em paz.

   Alheia às conclusões dos transeuntes, aquela pomba andarilha permanece na praça. Entretanto, todos sabem que a qualquer momento ela alçará voo, fará seu verão e partirá ...para sempre!

A Joaquim T. Nascimento, meu pai e meu melhor amigo, *1924  + 2005..



  

sábado, 11 de junho de 2016

Com sangue e suor.

 A Natureza encontrou na fome, na morte, na dor e nos instintos, a fórmula ideal para que todos se mantenham em contínua subordinação.
tube-torawap.in -google
Pode ser calor intenso, brisa mansa ou noite fria; seja nos vales ou pradarias, existe vida. As borboletas, as begônias; répteis que rastejam, felinos em busca de suas presas, pássaros de todas as espécies, os urubus ansiosos e temerosos a rodear a rês semidesfalecida... Nas savanas, os guepardos são seguidos à distância pelos gorilas e hienas. A habilidade felina é superior, por isso, outros predadores seguem suas trilhas em busca das sobras de caças e colhem delas os seus sustentos.
Em todos os lugares: na terra, no mar, no ar e nas lavas incandescentes dos vulcões, seres aeróbios e anaeróbios, variando de animais unicelulares a elefantes ou hipopótamos com algumas toneladas... tudo é vivo!
Aprendem, desde cedo, a própria comunicação. Entre eles vê-se abanar de caudas, ouvem-se grunhidos, rugidos, piar, cantar. A plumagem das aves segue o padrão de cada espécie; as folhas são próprias de cada árvore. Os pelos tomam partes ou todo o corpo, segundo as suas necessidades. Mesmo tendo um objetivo constante a ser seguido, reservam momentos para os folguedos, principalmente, na infância, quando é o período de se aprimorar técnicas de lutas e de fugas. Aplicam parte de seu tempo em horas de entretenimento. Tem-se a "valsa" matinal dos flamingos, a dança solitária da avestruz, o corre-corre dos cães; momentos que aliviam a tensão diária. As raças cultivam certos padrões e obedecem a determinadas regras que abrangem a todos. A Natureza encontrou na fome, na morte, na dor e nos instintos, a fórmula ideal para que todos se mantenham em contínua subordinação. Assim, a libido não é estimulada só por apelos visuais ou toques íntimos, mas por hormônios que se desencadeiam no momento exato despertando, no subconsciente, um apetite desenfreado e o sexo vem seguido de perseguição, incesto; às vezes, é praticado de forma brutal e em ambientes hostis porque visa somente à necessidade de perpetuar a espécie.
Para a manutenção do corpo são lhes reservadas certas iguarias que variam de plantas e animais inferiores. Isso, no entanto, requer agilidade, astúcia e determinação; fatos esses que os mantêm em constante movimento para a árdua missão de consumir todo o excedente, tirar o sofrimento dos mutilados, deter o crescimento desordenado dos subtipos. Os herbívoros se encarregam das pastagens, dos arbustos. Os carnívoros se embrenham na busca dos filhotes, dos moribundos. Todos os frágeis e deserdados, incompatíveis com o grupo, são ceifados de forma natural de suas torturas: é a lei dos fortes em plena execução.
Administrando o medo que os protege dos perigos e da dor que os faz vulneráveis, enfrentam a morte para saciar a fome e os instintos. Não há pecado ou remorso, tudo é natural. A própria raça não se compadece ao cruzar com restos de carcaças esfaceladas ao relento; logo, serão devoradas, sem piedade, por outras castas e transformada em estrume. De volta a terra, far-se-á húmus que irá alimentar as algas, os microrganismos, os musgos ou as simples gramíneas que, por sua vez, serão os sustentos de outros viventes em plena ação. O objetivo dessa sequência é uma vida farta, com ares puros, rios com águas limpas, vegetação em abundância e o céu, quando límpido, azul. O ato de viver e preservar, verbos conhecidos, mas impraticáveis por tantos; os brutos, com suas “bestialidades”, já os conjugam de forma correta há milênios, mas os homens, providos de sapiência e, sendo o topo dessa cadeia, não. Tendo a responsabilidade da digna manutenção do sistema, a humanidade vem mostrando que sua sabedoria, fracassa!



domingo, 5 de junho de 2016

In Natura.

Um sistema perfeito. Assim define os defensores da Natureza a tudo o que nela se protagoniza. É uma sequência de acontecimentos, nada sobrevive ao acaso. Cada ser vivo tem sua função definida. Plantas e animais seguem o mesmo ritual de nascer, crescer, reproduzir e morrer. A visão poética se apega ao lirismo ignorando a luta que se trava entre os subtipos. É uma batalha sangrenta entre si e na superação das intempéries climáticas. É algo necessário aos “adolescentes” para que se tornem fortes e hábeis. Dos minúsculos plânctons aos bisões e rinocerontes, têm-se em comum os instintos de sobrevivência e da procriação. Sob a luz do velho sol, castas variadas se renovam e se distribuem por toda a terra. Nas águas, as algas e os micros organismos despoluem os rios 
Alvorecer- Snascimento.
e mares. Pequenas aves e animais rasteiros são “semeadores” desordenados. Têm-se os “acasaladores”: vespas, borboletas, beija-flores, agentes da fecundação entre as plantas. “Lixeiros”, na pele dos urubus e carnívoros de pequeno e médio porte, cuja ação é transformar as matérias orgânicas, do estado de decomposição, em insumos absorvíveis pela terra e, por fim, os predadores: grupo que contêm o avanço desordenado dos frágeis, velhos e deficientes. Não dependem de vestimentas - são nus-, nem do ouro ou dos brilhantes ocultos na terra, mas da vida farta que se faz sobre ela. Nem todos praticam o “beijo de língua” mas alguns são adeptos da felação e do incesto; o sexo é um mero instrumento de perpetuação da espécie. São nômades guiando-se pelo clima e as fontes alimentares. Fazem seus abrigos nas árvores, nas tocas ou mesmo ao relento. São livres, mas, ao mesmo tempo, sujeitos à ação impiedosa dos predadores. Práticos, poucos grupos preservam os idosos (Morrem na meia idade, nos combates) e nem os inválidos; (são, naturalmente, abatidos nos primeiros dias de vida) o que faz deles uma sociedade completa formada por fortes e férteis; sendo a maioria “jovens” vigorosos, “crianças” bem protegidas e conscientes dos riscos que têm que enfrentar. Suas atitudes mostram que cada grupo conhece o seu destino e se empenha na única missão dos seres vivos que é reciclar tudo o que é excessivo no sistema. São o que são: - animais- e isso basta! Dentre eles, porém, impõem-se à raça “sapiens”; seres providos de forma física favorável e imaginação ilimitada, mas perdem-se entre tantas possibilidades e assimilam o lado animalesco cultuado no underground das aglomerações em que vivem. Em sua sede de grandeza, transformam o sistema que, na ótica poética é perfeita, em inferno; e, nele, ainda vivem para serem deuses.


sexta-feira, 3 de junho de 2016

A Fraternidade e a Natureza


Quero -Quero no ninho.  Foto: Snascimento.
Todos os anos a Campanha da Fraternidade foca um tema social. Neste ano ela trouxe à tona outro tema com os mesmos objetivos: “Casa comum, nossa responsabilidade”; que propôs debater a relação com o Meio Ambiente. É tempo dos órgãos formadores de opinião e, principalmente, a Igreja Católica, tomar posição mais incisiva. Sendo uma instituição milenar, sempre esteve ao lado dos movimentos que nortearam a humanidade. Outro fator preponderante é a facilidade de penetração desse segmento no contexto humano. A questão ambiental é necessária. Os estragos no sistema já vêm de longa data e, ao que tudo indica, não terá retorno, mas poderá ter seu final trágico prolongado. A missão da comunidade religiosa será uma árdua batalha por se tratar da correção de um erro praticado há séculos. Quando o homem domesticou o fogo lançou a pedra fundamental para a destruição do ecossistema. O próximo passo foi a extração da soda cáustica da cinza. Ao abandonar a vida do campo se aglomerando em comunidade; sempre ribeirinha -, fez necessária a utilização de esgotos. Ao dispensar o trabalho dos besouros e dos agentes naturais de dispersão dos dejetos, os esgotos são lançados na água destruindo os rios e da vida que deles dependem. Até o final da Segunda Guerra, os avanços destrutivos da Natureza não mereciam tanto destaque frente às baixas conquistas tecnológicas comparadas ao presente. Já nos anos pós-guerra, na reconstrução da economia mundial, os grandes desmatamentos em busca da matéria prima para o gasogênio, a expansão da indústria, a utilização de combustíveis fósseis e a pecuária expôs o planeta ao calor e à destruição da camada de ozônio que só mais tarde seria notado. O agravamento trouxe as alterações climáticas e, desta vez, ressoou oportuno o apelo dos estudiosos. A Terra está em apuros e a humanidade, como parte integrante dela, segue o mesmo destino. Os grandes desflorestamentos a expõem de forma desordenada aos raios ultravioletas e o excesso de poluentes está causando desarranjo na atmosfera. Na luta em busca do seu arrefecimento, o solo aquecido recorre às águas das geleiras dos polos, as mesmas que abundam sobre a terra em forma de desastrosas tempestades. As Ongs protestam e os cientistas mostram os números que são reforçados pelos desastres ecológicos. Tsunami na Ásia, deserto no nordeste e na Amazônia, furacões e tufões na América do Norte. O que seria uma conquista trouxe o caos. Como se não bastasse, a imprensa nacional vem notificando que os grandes desbravamentos visam à cultura de produtos para a exportação; se o álcool já ocupa destaque no mercado, agora, tendo se se transformado em commodities;... O que será das planícies e dos cerrados? A necessidade de combustível dos EUA pode ser resolvida, em partes, com o biodiesel e o etanol brasileiro. Desta forma, os brasileiros serão instigados à expansão das áreas produtivas e com a benção da maior potência mundial. Acontece que, durante séculos, a Natureza manteve seu sistema de autodefesa. Criterioso e desumano, ele nada perdoa. É a lei batizada por Newton de; ação e reação; ela mata, fere, cobra o que lhe pertence. Se em todos esses milênios o planeta foi submetido a uma via sacra; hoje, quem transporta a cruz, é o povo. Alheio às necessidades humanas, ele responde aos abusos dos hábitos mundanos com falta de água potável, calor excessivo, chuvaradas, solo de baixa fertilidade. A missão da Igreja é conscientizar os fiéis do habitat que eles vivem mostrando-lhes o valor da preservação. Os quarenta dias da Quaresma são irrisórios, mas considerando-se de que pouco fora feito, é um passo importante. Acreditar numa solução plena é uma utopia; mas qualquer benefício que advier dessa campanha será bem-vindo. De qualquer forma, uma vez semeada essa ideia e comparada aos exemplos naturais presentes, será mais um flanco a ser defendido. A biodiversidade, mesmo combalida, ainda dispõe de sua cadeia depuradora, mas em processo lento frente aos excessos praticados. O objetivo deste front é não a salvação da alma simplesmente, mas o planeta! Para isso, a humanidade precisa aprender - principalmente com os grandes exemplos - a ver o mundo com paixão. Pois a mesma Natureza que outrora foi a manjedoura, se não amparada, em breve, será da humanidade... o calvário!

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Único Refúgio.


 ...a questão ecológica, hoje em dia, é muito mais do que um movimento político ou social; é uma necessidade!

Nos dias atuais muito se fala em ecologia. No mundo inteiro há movimentos ecológicos visando lembrar a pessoas das condições precárias em que vive todo o ecossiste
ecodesenvolvimento. org - google
ma natural. Na Antártida, o buraco na camada de ozônio aumenta proporcionando a exposição da terra aos raios solares, responsáveis diretos pelo superaquecimento da sua superfície e pelo transtorno causado à fauna e a flora. A temperatura já se encontra alterada e os cientistas preveem que, para os próximos anos, um aumento entre dois e três graus. Isso se deve às toneladas de gases expelidos dos automóveis, das fábricas, dos vulcões em atividades e das plantações aquáticas.
Exposto às violentas forças gravitacionais, o globo terrestre oscila numa rota única a milhares de anos. No último século, a exploração diária de milhares de barris de petróleo diminui a massa sólida em milhões de quilos e os transforma em gases. Se, por um lado, a Terra perde peso; por outro, ganha excessiva caloria tornando-a superaquecida e desprotegida das variações climáticas; isso, sem mencionar na real possibilidade de uma alteração na sua rota sobre seu eixo imaginário. Assim, o progresso a ataca por dentro e por fora. Por outro lado, estudiosos comprovam que, no sistema solar, o único e mais próximo planeta em condições de ser implantada uma atmosfera parecida à nossa, é Marte; no entanto, ele ainda é inatingível a nível humano.
Os gases alterados acabam formando uma camada que retém o calor na atmosfera gerando, assim, as fortes estiagens e modificando o clima em todas as regiões. Como se vê, a questão ecológica, hoje em dia, é muito mais do que um movimento político ou social; é uma necessidade! A Terra e seu ecossistema estão doentes. Nesse prisma, todos aqueles que se propuserem a lutar nessa questão, devem levar em consideração de que essa necessidade vai além de simples gestos de plantar árvores, desfilar com cartazes ou fazer manifestações. Deve ser, acima de tudo, um movimento de conscientização em massa e, com clareza, fazer com que as pessoas defendam o ambiente em que vivem. Portanto, cabe a nós a responsabilidade de se unir e tentar retardar o envelhecimento desse planeta e, a essa humanidade que determinou as explorações predatórias e exageradas no sistema; aos homens que criaram todas essas divergências entre si através de lei que fomentaram o progresso agressivo, certamente, caberá a esses mesmos homens, a obrigação de proteger o único refúgio no sistema solar, o planeta Terra.

A Notícia. jul.2001.