sábado, 15 de outubro de 2016

O telão

 (À todos aqueles que se dedicam (ou dedicaram) à difícil arte de educar e a fazem - ou fizeram - com responsabilidade).
Uma tela na parede; muda e sem vida.
O auditório também era pequeno, muitas vezes, grande para um número de pessoas que vinham ocupar seu espaço. Não que houvesse restrição, mas pela falta de interesse ou de tempo e tantas coisas banais que contribuíram para que uma quantidade reduzida de indivíduos se propusesse a assistir, a ouvir e entender os sons emitidos durante qualquer imagem.
A tela inerte, que estava muda, ao toque humano e pela ação do giz ganhava vida. Nela, surgiam gráficos, mapas, palavras exóticas, coisas do passado; Roma de Júlio César, Grécia de Pitágoras, antigo Egito.
Os operadores se renovavam, o telão se tornava mágico indo além do auditório. Influenciava a vida nas ruas, nos casebres, nas mansões; chegava ao dia-a-dia e avançava para o futuro levando consigo os expectadores a tomarem novos rumos em suas vidas.
Por trás da calma rotina, evidenciavam-se os artigos científicos; o átomo; as combinações dos elementos; as relações humanas; o avanço espacial; as descobertas de Colombo; o mundo atual; as chances de cada continente; a probabilidade dos ataques nucleares; os avanços científicos; as novas moléstias; os antídotos; do “bê-á-bá” à física quântica; frutos dos anos de faculdades eram expostos de forma ininterrupta.
O mundo e suas situação geográfica; a vida de um modo geral; a localização dos povos; os regimes aos quais eram submetidos; os abusos antinaturais cometidos pelo homem e as suas consequências; os desertos, as savanas, mares e animais em extinção.
A arte de adicionar recursos, multiplicar esforços, subtrair egoísmo e dividir as responsabilidades.
Nos intervalos, cenas de amor, imagens de sonhos e fantasias; a euforia da idade das espinhas, do “selinho” escondido; uma gaivota a voar, a onda a invadir a praia...
No epílogo, os países em conflitos; a morte pela fome, as perseguições e a marginalização; ao fundo, um cenário azul escurecido pelas fumaças vindas do progresso.
O objetivo de tanto esforço, era dar às crianças condições de vencerem as provações do cotidiano. Com o passar do tempo, os meninos cresceram e foram emoldurando seus dias nas informações que aprenderam nas aulas e no convívio com os demais amigos. Adultos, estão colhendo os frutos da aplicação das horas dedicadas ao aprendizado.
Quanto aos mestres, muitos caíram no esquecimento. O passar dos anos, os levaram por caminhos alheios as suas vontades. Questões políticas, cartéis, nortearam seus destinos em busca de seus objetivos.
Neste quinze de outubro, é a oportunidade de rendermos  homenagens aos nossos professores. Pessoas que abraçaram a dura arte de ensinar e a fizeram com esmero. Aqueles que nos acolheram numa época em que nos perdíamos em ideias, e fizeram da nossa formação o seu ideal.
Foto: publicdomainvectors.org (google)