Paraitinga, na língua tupi-guarani que
predominava na região paulista significa: Rio de águas claras Para-(rio);
-i-(águas); tinga-(claras).
A
história de Salesópolis está intimamente ligada ao Rio Paraitinga. Sua
demarcação cartográfica original (divisor de água) ia de sua foz, na
confluência com o Rio Tietê, até a sua nascente. Hoje, após os ajustes políticos,
ele nasce no município de Paraibuna. Se o Rio Tietê é famoso em todo o estado,
o Paraitinga é o mais importante para o município. Só nos últimos trinta e
cinco anos é que a água que abastece a cidade passou a ser captada do Tietê.
A
origem do primeiro núcleo habitacional se deu no século XIX. Era ao lado de uma
represa natural constantemente alagada, compreendendo, exatamente, toda a extensão
do atual lago artificial.
A
primeira atividade econômica era a pesca, mas a olaria, nas suas bordas
argilosas, teria sido a principal fonte de renda de Antonio Martins de Macedo
(Aranha), reconhecido como o primeiro hospedeiro onde se formou São José do
Paraitinga e, posteriormente, Salesópolis.
Em
suas margens despontaram a agricultura de subsistência. Arroz, feijão, cana de
açúcar, fumo. No pós Primeira Guerra conheceu a batata inglesa, entremeada com
a agropecuária. A permanência de proletários em suas margens as manteve com
poucas alterações.
Nos
anos quarenta do século passado, recebeu o plantio do Sisal o que resistiu por
sessenta anos gerando renda e progresso.
O
assentamento da Colônia Japonesa, hoje, nos arredores do Distrito, trouxe
diversificação de produtos que dependiam diretamente dele. Há ainda destaque para os Ardachinikoffs,
descendentes de russos que ainda vivem de plantas irrigáveis.
Nos
anos cinqüenta foi a vez do aproveitamento da esteira para banana.
A
fase econômica da taboa (cerca de vinte anos) ocorreu sem a danificação do
aspecto físico da região, mas ele passou a ser drenado para a agricultura. O
solo era argiloso contendo uma pequena camada de areia.
Ainda
nos anos sessenta, o aperfeiçoamento do eucalipto para a celulose levou a
exploração dessa madeira para as suas cabeceiras, o que predomina até hoje. Já
na década de setenta, Salesópolis passou a fazer parte da Grande São Paulo e seu
território integrou a área de proteção de mananciais.
Em
2001, o município virou Estância Turística e, em 2005, a Represa do Paraitinga
tornou-se realidade. Sua função, agora,
é abastecer a Metrópole; com o advento do reservatório, vai oferecer, também,
lazer aos paulistanos e visitantes. Isso impediu o avanço de atividades
industriais poluentes, mas deteve o progresso da agropecuária, da taboa, do
carvão e concentrou-se na exploração da monocultura do eucalipto que, por si,
afeta diretamente o volume aquífero das nascentes.
Esse
é o desafio: acompanharmos essa constante metamorfose; adaptarmos às suas
mudanças, nos prepararmos para o futuro e resguardar aquilo que já foi e que
jamais será o mesmo.