terça-feira, 18 de novembro de 2014

Forças abstratas.

      Sonhar é divagar, é conceber o imaterial e torná-lo palpável.
Muitas são as formas de sonhos. Além dos humanos, os animais vertebrados também têm essa capacidade. Embora não podemos saber o que eles vivenciam durante os momentos em que as forças psíquicas se manifestam, vemos os movimentos que os membros executam enquanto dormem.
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Se o futuro é um emaranhado de estradas invisíveis, as visões e esperanças ambicionadas trazem luz ao obscuro. No fundo, todo sonhador deseja que seu devaneio lhe traga vantagem.
Sonho primário é aquele que surge ainda na infância, mas é deformado por nascer influenciado por outras opiniões. Os anciãos pendem entre as aspirações futuras e os momentos retrógrados passeando na recordação dos grandes momentos vividos. Há o sonho adolescente que é ambicioso, inovador, futurístico e que quase sempre se choca com as aspirações adultas. Alguns os têm de maneira ampla, pungente; outros os concebem de forma humilde. Nestes, os sonhos aparecem como falsas verdades, na tentativa de se equipararem em vantagens aos demais. Há aqueles que o visionam como uma previsão; outros, como um mero acaso. Tem-se o sonho projeto, algo que não é sonhado, mas estudado. Os intelectuais assim procedem explorando os acontecimentos inovadores, especulando como eles seriam nos dias vindouros.
Quando se caminha pelas ruas, por entre as grandes construções – paisagistas, arquitetônicas, artísticas -, alguém já perdeu o sono as idealizando. O ambiente onde se mora, a decoração, os utensílios é a materialização do que se desejou e que foi possível conquistar. Nesse contexto, os grandes sonhadores ganharam asas, foram ao espaço. Eles estão em todos os lugares se devotando no firme propósito de colorir o enfadonho tempo que se estende do despertar ao por do sol, nesse materialismo exacerbado em que a moda e o conforto se fazem prioritário roubando a alegria de se renovar. As grandes tragédias e conquistas consumiram dias de planejamentos.
Por ser algo imaterial, toda ilusão pode levar a realização; do contrário, vira frustração e pesadelo. É uma energia que paira no ar até ser concebida e transformada. Os seres humanos, dentro de suas capacidades o fazem; mesmo aqueles que aparentemente nada sonham, trazem no íntimo o desejo ardente de mudança.
Tantas possibilidades acercam o ser humano e cabe a ele compreender e realizar esse projeto que é viver no universo. A vida nada mais é do que a responsabilidade de alternar a realidade; uma grande obra que se revela dia-a-dia e que o homem é a ferramenta de transformação.
 

c/ Ciro do Valle/2006.