Sonhar é divagar, é conceber o imaterial e torná-lo palpável.
Muitas são as formas de sonhos. Além dos humanos, os animais vertebrados também
têm essa capacidade. Embora não podemos saber o que eles vivenciam durante os momentos
em que as forças psíquicas se manifestam, vemos os movimentos que os membros
executam enquanto dormem.
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Se o futuro é um emaranhado de estradas invisíveis, as visões e esperanças
ambicionadas trazem luz ao obscuro. No fundo, todo sonhador deseja que seu
devaneio lhe traga vantagem.
Sonho primário é aquele que surge ainda na infância, mas é deformado por nascer
influenciado por outras opiniões. Os anciãos pendem entre as aspirações futuras
e os momentos retrógrados passeando na recordação dos grandes momentos vividos.
Há o sonho adolescente que é ambicioso, inovador, futurístico e que quase
sempre se choca com as aspirações adultas. Alguns os têm de maneira ampla,
pungente; outros os concebem de forma humilde. Nestes, os sonhos aparecem como
falsas verdades, na tentativa de se equipararem em vantagens aos demais. Há
aqueles que o visionam como uma previsão; outros, como um mero acaso. Tem-se o
sonho projeto, algo que não é sonhado, mas estudado. Os intelectuais assim
procedem explorando os acontecimentos inovadores, especulando como eles seriam
nos dias vindouros.
Quando se caminha pelas ruas, por entre as grandes construções – paisagistas,
arquitetônicas, artísticas -, alguém já perdeu o sono as idealizando. O
ambiente onde se mora, a decoração, os utensílios é a materialização do que se
desejou e que foi possível conquistar. Nesse contexto, os grandes sonhadores
ganharam asas, foram ao espaço. Eles estão em todos os lugares se devotando no
firme propósito de colorir o enfadonho tempo que se estende do despertar ao por
do sol, nesse materialismo exacerbado em que a moda e o conforto se fazem
prioritário roubando a alegria de se renovar. As grandes tragédias e conquistas
consumiram dias de planejamentos.
Por ser algo imaterial, toda ilusão pode levar a realização; do contrário, vira
frustração e pesadelo. É uma energia que paira no ar até ser concebida e
transformada. Os seres humanos, dentro de suas capacidades o fazem; mesmo
aqueles que aparentemente nada sonham, trazem no íntimo o desejo ardente de mudança.
Tantas possibilidades acercam o ser humano e cabe a ele compreender e realizar
esse projeto que é viver no universo. A vida nada mais é do que a
responsabilidade de alternar a realidade; uma grande obra que se revela
dia-a-dia e que o homem é a ferramenta de transformação.
c/ Ciro do Valle/2006.