sábado, 11 de junho de 2016

Com sangue e suor.

 A Natureza encontrou na fome, na morte, na dor e nos instintos, a fórmula ideal para que todos se mantenham em contínua subordinação.
tube-torawap.in -google
Pode ser calor intenso, brisa mansa ou noite fria; seja nos vales ou pradarias, existe vida. As borboletas, as begônias; répteis que rastejam, felinos em busca de suas presas, pássaros de todas as espécies, os urubus ansiosos e temerosos a rodear a rês semidesfalecida... Nas savanas, os guepardos são seguidos à distância pelos gorilas e hienas. A habilidade felina é superior, por isso, outros predadores seguem suas trilhas em busca das sobras de caças e colhem delas os seus sustentos.
Em todos os lugares: na terra, no mar, no ar e nas lavas incandescentes dos vulcões, seres aeróbios e anaeróbios, variando de animais unicelulares a elefantes ou hipopótamos com algumas toneladas... tudo é vivo!
Aprendem, desde cedo, a própria comunicação. Entre eles vê-se abanar de caudas, ouvem-se grunhidos, rugidos, piar, cantar. A plumagem das aves segue o padrão de cada espécie; as folhas são próprias de cada árvore. Os pelos tomam partes ou todo o corpo, segundo as suas necessidades. Mesmo tendo um objetivo constante a ser seguido, reservam momentos para os folguedos, principalmente, na infância, quando é o período de se aprimorar técnicas de lutas e de fugas. Aplicam parte de seu tempo em horas de entretenimento. Tem-se a "valsa" matinal dos flamingos, a dança solitária da avestruz, o corre-corre dos cães; momentos que aliviam a tensão diária. As raças cultivam certos padrões e obedecem a determinadas regras que abrangem a todos. A Natureza encontrou na fome, na morte, na dor e nos instintos, a fórmula ideal para que todos se mantenham em contínua subordinação. Assim, a libido não é estimulada só por apelos visuais ou toques íntimos, mas por hormônios que se desencadeiam no momento exato despertando, no subconsciente, um apetite desenfreado e o sexo vem seguido de perseguição, incesto; às vezes, é praticado de forma brutal e em ambientes hostis porque visa somente à necessidade de perpetuar a espécie.
Para a manutenção do corpo são lhes reservadas certas iguarias que variam de plantas e animais inferiores. Isso, no entanto, requer agilidade, astúcia e determinação; fatos esses que os mantêm em constante movimento para a árdua missão de consumir todo o excedente, tirar o sofrimento dos mutilados, deter o crescimento desordenado dos subtipos. Os herbívoros se encarregam das pastagens, dos arbustos. Os carnívoros se embrenham na busca dos filhotes, dos moribundos. Todos os frágeis e deserdados, incompatíveis com o grupo, são ceifados de forma natural de suas torturas: é a lei dos fortes em plena execução.
Administrando o medo que os protege dos perigos e da dor que os faz vulneráveis, enfrentam a morte para saciar a fome e os instintos. Não há pecado ou remorso, tudo é natural. A própria raça não se compadece ao cruzar com restos de carcaças esfaceladas ao relento; logo, serão devoradas, sem piedade, por outras castas e transformada em estrume. De volta a terra, far-se-á húmus que irá alimentar as algas, os microrganismos, os musgos ou as simples gramíneas que, por sua vez, serão os sustentos de outros viventes em plena ação. O objetivo dessa sequência é uma vida farta, com ares puros, rios com águas limpas, vegetação em abundância e o céu, quando límpido, azul. O ato de viver e preservar, verbos conhecidos, mas impraticáveis por tantos; os brutos, com suas “bestialidades”, já os conjugam de forma correta há milênios, mas os homens, providos de sapiência e, sendo o topo dessa cadeia, não. Tendo a responsabilidade da digna manutenção do sistema, a humanidade vem mostrando que sua sabedoria, fracassa!



domingo, 5 de junho de 2016

In Natura.

Um sistema perfeito. Assim define os defensores da Natureza a tudo o que nela se protagoniza. É uma sequência de acontecimentos, nada sobrevive ao acaso. Cada ser vivo tem sua função definida. Plantas e animais seguem o mesmo ritual de nascer, crescer, reproduzir e morrer. A visão poética se apega ao lirismo ignorando a luta que se trava entre os subtipos. É uma batalha sangrenta entre si e na superação das intempéries climáticas. É algo necessário aos “adolescentes” para que se tornem fortes e hábeis. Dos minúsculos plânctons aos bisões e rinocerontes, têm-se em comum os instintos de sobrevivência e da procriação. Sob a luz do velho sol, castas variadas se renovam e se distribuem por toda a terra. Nas águas, as algas e os micros organismos despoluem os rios 
Alvorecer- Snascimento.
e mares. Pequenas aves e animais rasteiros são “semeadores” desordenados. Têm-se os “acasaladores”: vespas, borboletas, beija-flores, agentes da fecundação entre as plantas. “Lixeiros”, na pele dos urubus e carnívoros de pequeno e médio porte, cuja ação é transformar as matérias orgânicas, do estado de decomposição, em insumos absorvíveis pela terra e, por fim, os predadores: grupo que contêm o avanço desordenado dos frágeis, velhos e deficientes. Não dependem de vestimentas - são nus-, nem do ouro ou dos brilhantes ocultos na terra, mas da vida farta que se faz sobre ela. Nem todos praticam o “beijo de língua” mas alguns são adeptos da felação e do incesto; o sexo é um mero instrumento de perpetuação da espécie. São nômades guiando-se pelo clima e as fontes alimentares. Fazem seus abrigos nas árvores, nas tocas ou mesmo ao relento. São livres, mas, ao mesmo tempo, sujeitos à ação impiedosa dos predadores. Práticos, poucos grupos preservam os idosos (Morrem na meia idade, nos combates) e nem os inválidos; (são, naturalmente, abatidos nos primeiros dias de vida) o que faz deles uma sociedade completa formada por fortes e férteis; sendo a maioria “jovens” vigorosos, “crianças” bem protegidas e conscientes dos riscos que têm que enfrentar. Suas atitudes mostram que cada grupo conhece o seu destino e se empenha na única missão dos seres vivos que é reciclar tudo o que é excessivo no sistema. São o que são: - animais- e isso basta! Dentre eles, porém, impõem-se à raça “sapiens”; seres providos de forma física favorável e imaginação ilimitada, mas perdem-se entre tantas possibilidades e assimilam o lado animalesco cultuado no underground das aglomerações em que vivem. Em sua sede de grandeza, transformam o sistema que, na ótica poética é perfeita, em inferno; e, nele, ainda vivem para serem deuses.


sexta-feira, 3 de junho de 2016

A Fraternidade e a Natureza


Quero -Quero no ninho.  Foto: Snascimento.
Todos os anos a Campanha da Fraternidade foca um tema social. Neste ano ela trouxe à tona outro tema com os mesmos objetivos: “Casa comum, nossa responsabilidade”; que propôs debater a relação com o Meio Ambiente. É tempo dos órgãos formadores de opinião e, principalmente, a Igreja Católica, tomar posição mais incisiva. Sendo uma instituição milenar, sempre esteve ao lado dos movimentos que nortearam a humanidade. Outro fator preponderante é a facilidade de penetração desse segmento no contexto humano. A questão ambiental é necessária. Os estragos no sistema já vêm de longa data e, ao que tudo indica, não terá retorno, mas poderá ter seu final trágico prolongado. A missão da comunidade religiosa será uma árdua batalha por se tratar da correção de um erro praticado há séculos. Quando o homem domesticou o fogo lançou a pedra fundamental para a destruição do ecossistema. O próximo passo foi a extração da soda cáustica da cinza. Ao abandonar a vida do campo se aglomerando em comunidade; sempre ribeirinha -, fez necessária a utilização de esgotos. Ao dispensar o trabalho dos besouros e dos agentes naturais de dispersão dos dejetos, os esgotos são lançados na água destruindo os rios e da vida que deles dependem. Até o final da Segunda Guerra, os avanços destrutivos da Natureza não mereciam tanto destaque frente às baixas conquistas tecnológicas comparadas ao presente. Já nos anos pós-guerra, na reconstrução da economia mundial, os grandes desmatamentos em busca da matéria prima para o gasogênio, a expansão da indústria, a utilização de combustíveis fósseis e a pecuária expôs o planeta ao calor e à destruição da camada de ozônio que só mais tarde seria notado. O agravamento trouxe as alterações climáticas e, desta vez, ressoou oportuno o apelo dos estudiosos. A Terra está em apuros e a humanidade, como parte integrante dela, segue o mesmo destino. Os grandes desflorestamentos a expõem de forma desordenada aos raios ultravioletas e o excesso de poluentes está causando desarranjo na atmosfera. Na luta em busca do seu arrefecimento, o solo aquecido recorre às águas das geleiras dos polos, as mesmas que abundam sobre a terra em forma de desastrosas tempestades. As Ongs protestam e os cientistas mostram os números que são reforçados pelos desastres ecológicos. Tsunami na Ásia, deserto no nordeste e na Amazônia, furacões e tufões na América do Norte. O que seria uma conquista trouxe o caos. Como se não bastasse, a imprensa nacional vem notificando que os grandes desbravamentos visam à cultura de produtos para a exportação; se o álcool já ocupa destaque no mercado, agora, tendo se se transformado em commodities;... O que será das planícies e dos cerrados? A necessidade de combustível dos EUA pode ser resolvida, em partes, com o biodiesel e o etanol brasileiro. Desta forma, os brasileiros serão instigados à expansão das áreas produtivas e com a benção da maior potência mundial. Acontece que, durante séculos, a Natureza manteve seu sistema de autodefesa. Criterioso e desumano, ele nada perdoa. É a lei batizada por Newton de; ação e reação; ela mata, fere, cobra o que lhe pertence. Se em todos esses milênios o planeta foi submetido a uma via sacra; hoje, quem transporta a cruz, é o povo. Alheio às necessidades humanas, ele responde aos abusos dos hábitos mundanos com falta de água potável, calor excessivo, chuvaradas, solo de baixa fertilidade. A missão da Igreja é conscientizar os fiéis do habitat que eles vivem mostrando-lhes o valor da preservação. Os quarenta dias da Quaresma são irrisórios, mas considerando-se de que pouco fora feito, é um passo importante. Acreditar numa solução plena é uma utopia; mas qualquer benefício que advier dessa campanha será bem-vindo. De qualquer forma, uma vez semeada essa ideia e comparada aos exemplos naturais presentes, será mais um flanco a ser defendido. A biodiversidade, mesmo combalida, ainda dispõe de sua cadeia depuradora, mas em processo lento frente aos excessos praticados. O objetivo deste front é não a salvação da alma simplesmente, mas o planeta! Para isso, a humanidade precisa aprender - principalmente com os grandes exemplos - a ver o mundo com paixão. Pois a mesma Natureza que outrora foi a manjedoura, se não amparada, em breve, será da humanidade... o calvário!