sábado, 28 de novembro de 2020

Bruno e Boulos. Bases Opostas, Objetivos Comuns.

Bruno & Boulos  -oglobo.globo.com    
 

      Amanhã, a cidade de São Paulo conhecerá o resultado decisivo que indicará o novo prefeito para o próximo quadriênio. Entre tantos competidores, sobressaíram dois desafiantes: Bruno Covas e Guilherme Boulos. Durante o tempo em que essa disputa foi preparada, muito foi dito - promessas, propostas, resultados de estudos-; também ocorreram inúmeras pesquisas de opinião que, periodicamente, foram publicados com o propósito de auxiliar ao eleitor indeciso. Mas, enfim, chegou o momento e cabe aqui fazer uma breve análise sobre cada um e os seus propósitos.

     Bruno Covas. Descendente de uma família ligada à política, tem sua base adquirida em convívio com seu avô, tradicional homem público, ativo nos anos de chumbo e um dos responsáveis pela retomada da democracia. É jovem, culto, com formação em Universidades de renome; originário de clãs economicamente abastadas, político por opção – ele mesmo afirma-, acatou em sua plataforma partes dos projetos antes iniciados, dando continuidades aos mesmos e até ampliando – em alguns casos- suas abrangências. Tem em seu favor o convívio com todo o histórico de obras antes propostas, bem como dos valores disponíveis que a Fazenda Municipal dispõe para os próximos anos, visto que está no poder há quatro deles. É filado ao PSDB.

   Já Boulos, como ele mesmo diz: tem a posição financeira estável, mas decidiu morar nas comunidades e estudar os seus comportamentos. Nela concluiu seus estudos e permanece trabalhando e participando dos movimentos oriundos de moradores que ensejam novas conquistas para um segmento igualitário tão sofrido. É chamado de agitador, de instigador, tem em seu currículo processo por invasão, protestos rudes junto com as camadas menos abastadas da periferia. Construiu a sua base eleitoral entre a população de baixa renda; prega a integração de todos em uma sociedade, segundo suas palavras, mais justa. Se coloca como porta-voz das minorias, mostra-se sensível às causas humanitárias e recebeu delas um aporte decisivo na última seleção. Surgindo como uma postura moderna do movimento trabalhista, superou candidatos aparentemente mais cotados para segundo turno. É filado ao PSOL.

As estratégias.

    Bruno, provavelmente orientado pelas velhas raposas integrantes de seu partido, escolheu para vice alguém discreto aos olhares públicos, e o manteve afastado dos programas partidários; Boulos, pelo contrário, se associou à uma candidata que tem experiência administrativa e representa o povo nordestino com suas aspirações. O resultado dessa escolha veio no primeiro turno com uma boa margem sobre o terceiro colocado.

    Nos últimos programas eleitorais, os ataques foram administrados sem envolver a imagem de cada candidato em embates diretos. A consequência do confronto público pode danificar ou enaltecer a imagem que foi cuidadosamente construída durante a curta campanha do 2º turno.  As pesquisas de opinião surgem como demonstração de apoio ou crítica; porém, a apreciação popular é muito sensível a qualquer novidade que surja, seja ela boa ou má.

    São dois pretendentes com bases opostas. O resultado da primeira etapa surpreendeu e muito com os resultados. Candidatos que tinham em seu histórico a maior votação de todos tempos, foram literalmente esquecidos. Concorrentes populares, com apoio de políticos e religiosos também não foram confirmados pela silenciosa opinião popular, que disse sim e não nas urnas.

    Nesta fase final, há outros fatores que estarão sendo julgados. Com a definição dos eleitos, o segundo turno atraiu os derrotados da primeira fase; e o que eles poderão somar ou subtrair pode ser uma incógnita. Para Boulos, a sua aprovação em primeiro turno foi significante. Se ele conquistar a prefeitura de São Paulo, terá um PIB e uma população equivalente ou superior a países do primeiro mundo. Para Covas, a sua reeleição para mais quatro anos, será como um cartão de visitas que o credenciara à gestão de São Paulo e, quiçá, do Brasil. Permanece outro fator corriqueiro na mesma competição: a de deixar o seu encargo e tentar antecipar o “andar da carruagem”, abandonando o mandato em busca de postos maiores. Ao derrotado, ele terá dois anos para arquitetar a busca pelo Estado. Já o vencedor, terá a dura incumbência de abandonar o posto e busca do sonho. Outro expoente que se evidenciará a presença do vice. Covas optou por alguém pouco visível politicamente, o que poderá pesar na urna, considerando um provável afastamento temporário seu; seja pela saúde, seja pela batalha à novos desafios. Quanto a Boulos, a presença da vice é algo mais confiável junto aos eleitores. Basta lembrar que o vencedor terá pela frente tempos de provação na luta contra a pandemia que assola o mundo.

    Há algo comum entre ambos que deveria ser uma tônica em todos os pleitos. São cultos e o que se pode esperar é que o vencedor mantenha a postura digna, uma liderança sensata, com urbanidade no trato com a população. Há muitas controvérsias no contexto mundial causadas por ideologias retrogradas, e comportamentos toscos não podem ser modelos na representatividade humana. O segundo turno é o desafio final desta etapa e, certamente, eles estão se armando para uma corrida que almeja o Planalto. A intenção de votos que ambos recebem, os coloca no páreo para qualquer cargo, e a liderança da cidade de São Paulo pode ser o primeiro degrau.

sábado, 14 de novembro de 2020

Na Ponta do Dedo.

    O ano de 2020 está sendo atípico. A pandemia real e a mal dimensionada ampliaram a distância entre eleitores e aspirantes a cargos públicos. Há contradição nas notícias tratadas pelos veículos de informação, ao mesmo tempo em que a exploração financeira e política vem confundindo o eleitor, que ainda é bombardeado pelos “memes e fake News” capazes de transformar cavalheiros em gatunos e ratazanas em celebridades.

    No dia 15 de novembro, excepcionalmente, será convocado o sufrágio universal que selecionará os militantes para a gestão dos municípios. Será uma eleição diferenciada, ansiando evitar o risco de contágio pelo Covid-19, fato que acarretará numa série de cuidados visando preservar o bem estar dos funcionários e eleitores. A disputa terá prejuízo porque as campanhas ficaram limitadas pelo distanciamento social.  A barreira que foi imposta pelo calor dos acontecimentos, no entanto, foi para todos os segmentos. Nas urnas, eles estarão testando suas credibilidades, cheias de boas intenções e promessas, à munícipes cada vez mais desconfiados.

   Em Salesópolis, são cinco os pares numa batalha acirrada pelo apoio popular. Mas há alguns paradigmas que veem sendo quebrados. Nos últimos pleitos, houve o fantasma da candidatura do vice-prefeito que acabou se elegendo. Neste ano, não. Também, por razões particulares, os antigos caciques que se revezavam na prefeitura ficaram de fora. Em seus lugares, novos pretendentes se disponibilizaram a buscar o cargo maior; haverá, portanto, renovações. Com a obrigatoriedade da inclusão da presença feminina no certame, será real a probabilidade de mais vereadoras eleitas no próximo mandato. Ainda nessa esfera de renovação, vem proliferando a expectativa de que a reeleição de alguns edis seja rejeitada pela população. Haja vista, nos EU há uma ferrenha batalha judicial para provar a existência ou não de fraudes e garantir a permanência de Trump. Isso, no entanto, trata-se de políticos que buscaram a sua reabilitação nos cargos em que se mantinham. Já no âmbito municipal em questão, não houve reeleição direta até o momento, mas é um evento que pode acontecer. Outro fato novo é o fim das coligações partidárias para vereadores, tendo o grupo que atingir um número mínimo de votos par selecionar seu representante. De qualquer forma, com cinco candidatos, o futuro prefeito terá baixa vantagem de votos sobre os demais e correndo o risco de contar com poucos defensores na Câmara, o que acarretará dificuldades na aprovação dos projetos. Portanto, os próximos anos trarão grandes desafios, assim como a pandemia que vem assolando o mundo; por outro prisma, causará a oportunidade de formar novas e atualizadas lideranças para um mundo modernizado, globalizado e digitalizado, onde tudo ocorre no tocar de dedos.

 


domingo, 1 de novembro de 2020

A Face Oculta "Do face".

 Em 2007, uma nova plataforma voltada ao entretenimento é lançada ao mercado brasileiro: o Facebook. Como toda novidade digital, ela apresentava vantagens sobre os concorrentes e, naturalmente, conquistou seu espaço.  No decorrer desse tempo, outros aplicativos vieram a se somar a ela e a privacidade social passou a ser algo público. A concorrência entre os meios modernos de comunicação – telefone, foto, vídeos, etc... -, chegou ao ponto inquietante. Não é um elo entre um nível de idade específica: nela navegam jovens, adultos e a animada melhor idade também vem se adaptando e se entregando aos prazeres digitais. Não se pode negar de que se trata de um veículo importante para a atualidade. Com ela, pode-se integrar com o planeta e, sem sair de casa. A maleabilidade com que permite o envio de imagens, áudios, vídeos, faz do Facebook, assim como outros canais eletrônicos, janelas que permitem vasculhar o mundo. Através delas, é possível saber o que existe atrás das montanhas, dos mares; todos os continentes se interagem e não há mais motivos para se sentir isolado. Basta ter uma conta em sua responsabilidade e todos os mistérios e segredos da humanidade podem estar em sua mão, num clic.

   Mas nem tudo são vantagens. Para o seu uso pleno há regras que são pelo usuário aceitas e as mesmas permitem que a empresa administradora acesse e analise os conteúdos em trânsito. Isso se deu em virtude do mal uso dessas plataformas, onde notícias falsas são propagadas com a mesma intensidade que as verdadeiras.  Haja vista o rigor com que as administradoras se impuseram, recentemente, ocultando “news” enviadas por autoridades mundiais. Após ter constatado que as “fakes” foram nocivas na campanhas eleitorais e continuaram prejudicando condutas de pessoas do bem. As provedoras admitem que, se necessário, aplicam um olhar crítico sobre o post para evitar que esse mal se expanda, orientando, mas respeitando o direito universal de expressão dos países democráticos. Todos os usuários devem atentar para o conteúdo que expõem. A responsabilidade pelos posts é de cada um; portanto, uma vez publicada, as camadas que por ele foram indicadas terão pleno acesso às suas intimidades reveladas nos arquivos, nos textos, nos subtextos; sem falar nos hackers que sondam as publicações atrás de temas e dados de seus interesses. Se a opção for ao público, todos que entrarem na plataforma terão acesso aos seus documentos, fotos e afins, e eles trazem todo o contexto psicológico com que o autor convive. As matérias, em geral, visam divertir, relembrar, expor opiniões ou alimentar o ego. A ferramenta é a ponte entre o povo e seus contatos; já para a massa, bom mesmo e um número elevado de curtidas.

  A noção de importância que as redes sociais têm na vida, entre outras coisas, nota-se quando alguém procura ingressar em alguma agremiação, ou numa entrevista de emprego. Um dos itens indagado é se o candidato faz uso de redes sociais; motivo; através delas, os analistas identificam as forças que movem o usuário como tristeza, ansiedade, aptidão política, liderança, tédio. Aquilo que as palavras não expressam, os posts contínuos demonstram de forma clara aos pesquisadores. As suas ações e reações relatam de forma sigilosa e verdadeira, as virtudes e defeitos que a educação, que as formalidades ocultam e a sua discrição tenta disfarçar. Logo, a janela que lhe descortina o universo é a mesma que expõe ao mundo o seu perfil sem mascara; com seus encantos, suas mazelas e temores. 

Quando for postar algo de foro íntimo, pense nisso!