terça-feira, 12 de outubro de 2021

Desfile de Máscaras.

Ela surgiu como uma necessidade, tornou-se imprescindível; mas está indo embora. Recrutada do século XX, veio em um momento em que o avanço do Covid-19 se expandia de forma desenfreada. No apogeu da pandemia, em todo o mundo sua presença foi imperiosa. Era um desfile de arte, de tédio e de insegurança. Todas as pessoas de bem a utilizaram e -ainda usam-, mas seu tempo está acabando com o fim da quarentena... 

A pandemia que em 2020 assolou o mundo provocou muitos transtornos. Entre tantas experiências, o planeta se tornou um imenso centro de pesquisas, de embates políticos e fanáticos, mas nem tudo era problema; há detalhes que se afloraram exigindo dos indivíduos atos inovadores, permitindo que a vida, em sua plenitude, se mantivesse ativa.

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Primeiro veio a necessidade das pessoas em situação de risco se afastarem do trabalho não essencial, de ficarem em casa. Como não poderia ser, a exploração oportunista também se fez presente. Os órgãos de notícias se encarregaram de nutrir os diferentes veículos de comunicação, em todas as esferas, para informar e confundir a massa ignara. Contrariando as previsões mais otimistas, aquela que seria uma simples virose atravessou todos os mares impondo uma cortina de terror às pessoas em sua luta diária. Porém, mesmo em frente a um inimigo tão voraz, uma atitude simples chegaria para dar um novo alento à tantas inquietações.  Frente ao número de morte que disparava em todo o planeta, alguém lembrou das máscaras, arma que retardou a disparada do vetor desconhecido que assombrava o mundo, no século passado, durante a Gripe Espanhola. Imediatamente, a multidão lançou mão das sobras de linhos, de algodão e improvisando aqueles apetrechos desajeitados (aparentando sósias dos bandidos do velho faroeste), contudo; desta vez, era para proteger a própria saúde e não para ocultar a identidade frente ao rigor das leis do oeste distante.

Vez por outra, surgia postagem contra o seu uso alegando que o indivíduo poderia se sufocar. Era uma inverdade tão insossa que um aluno do ensino básico sabia de cor. O pequeno espaço que há entre as narinas e a máscara pouco representa frente aos tantos gases e corpos nocivos que ficavam retidos nelas.

Ainda no quesito efeito social, pode-se dizer que a mesma proteção que oculta o rosto e impede a invasão total da vida em miniatura que permanece no ar, desnuda uma dura realidade que permanece entre os seres humanos. Em um mundo que há milênios se tenta preservar o amor ao próximo; hoje, visivelmente, parte da sociedade age como se fosse o dono da sabedoria e da ciência. Alguns porque discordam, se esquecendo da dor humana, do desespero na presença eminente do desconhecido, dos profissionais da saúde. Ainda questionam porque acham deselegantes; há aqueles que o fazem por ausência de conhecimento; outros para fazerem o que é mais desprezível na humanidade que é se prostar às autoridades narcisas que, se julgando a mais astutas do mundo, debocham da pandemia desconsiderando a vida como um todo, estimulando a imunização de rebanho, independentemente de suas deficiências patológicas. 

Diante de tantos prós e poucos contras, enquanto a imunização completa não vem, é prudente que se utilize desse aparato. Embora seja desconfortável em determinados lugares, ela detém uma gama de vírus e microrganismos que afetariam seus órgãos mais sensíveis.

Agora que a imunização se aproxima dos 80%,  a proteção ainda se faz útil nas cidades de veraneios por estas estreitarem o contato com pessoas de origens desconhecidas. Da mesma forma, no trato com idosos, classes de alto risco e em ambientes aglomerados. Na prática, ela cai bem no “busão”, nos trens, na feira livre; no churrasco na laje; e sendo uma proteção buco-facial, protege o organismo, mas não oculta a identidade das pessoas que têm por si ou por quem participa de seu convívio, um pouco de respeito.

Por fim, onde você pode ficar sem ela. Se o ambiente for seguro, confiável, com pessoas de sua inteira confiança; nada impede que nele exponha seu mais belo sorriso - aquele que ficou trancado há mais um ano - ou se for com a pessoa amada, num banho de espuma; ou mesmo sob uma ducha discreta, onde a água morna, límpida, desponta de uma pequena cascata térmica e escorre pelos relevos e cavidades desvendando a geografia humana e seguindo em direção ao mar... ou naqueles momentos extremos em que os corpos falam por si... também poderá descarta-la, (a máscara) sem remorso.  

Quanto a proteção sobre o rosto, seu legado marcará uma fase trágica que entrará para a história, um longo desfile que não será esquecido, mas sem deixar saudades!