sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Marcas do passado.

Durante esse tempo em que o Reservatório de Ponte Nova se encontra quase vazio, despontaram imagens de um passado não tão distante que, por um breve espaço de tempo, pode ser vista no trecho compreendido entre o aterrado e o açude. A falta de água pôs a mostra as curvas esguias do rio e seu aspecto físico que estava oculto. Apesar de toda a sua extensão e de receber veranistas de diferentes culturas, suas margens não se encontram sujas. É rara a presença de resíduos humanos em ambos os lados. Dentre as novidades, algumas delas chamam a atenção. Lá no "Toboganzinho", há uma antiga ponte de concreto, feita, possivelmente, no início do século passado  durante a reforma da estrada que servia a comunidade ribeirinha do Tietê até a Cachoeira dos Freires, onde foi construída a primeira hidrelétrica da região. Na mesma várzea, junto de uma outra  antiga ponte, acha-se um caiaque danificado. Entre as curiosidades à mostra, uma merece maior destaque: a carcaça de um veículo abandonada, logo abaixo do aterrado, na margem do rio.

No geral, se considerarmos a grande extensão territorial compreendida entre Usina e o paredão, no Distrito dos Remédios, e o grande número de visitantes que frequentaram e frequentam  esses pontos turísticos,  podemos considerar que sua orla está preservada. 

Diz a lenda “que o mar devolve seus mortos”; pelo visto, os rios... também!   

A ponte, o caiaque e a carcaça de veículo; destaques entre os resíduos.

Fotos: Ciro do Valle. 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

S.O.S Ponte Nova!

Para onde foram todas as chuvas?
Essa é uma pergunta que venho fazendo há algum tempo. No ano 2000, ocorreu uma estiagem parecida, mas menos intensa. Entre um dia e outro, havia alguma neblina e, a partir de novembro, a chuva voltou e a situação foi contornada. Por isso, no dia 11 de janeiro p.p., visitei a Represa de Ponte Nova, ou ao que resta dela.
Origem.
“Em 1963, o governador Adhemar de Barros, visando à solução das enchentes da Capital, iniciou estudos para a implantação de diversas barragens nas cabeceiras do Alto Tietê. Uma das primeiras obras seria a de uma barragem no próprio rio Tietê e que, segundo os estudos, o local escolhido foi na altura da ponte o mesmo rio, na estrada Mogi-Salesópolis. Essa ponte, recém-construída, deu origem ao nome da barragem, passando, então, a chamar-se: Barragem de Ponte Nova” Francisco Wuo – Jornal Nascente. 1981.
Todo o investimento inicial desse projeto visava o combate às enchentes e o abastecimento permanecia só na captação do Rio Claro, inaugurada em meados dos anos vinte, do século passado.
Cinco décadas se passaram e a meta foi alterada. Desde que Salesópolis passou a integrar a Grande São Paulo e a fazer parte da área de proteção de mananciais, todas as suas vertentes passaram a ser protegidas e direcionadas ao abastecimento da grande metrópole. Nos últimos vinte anos, a necessidade de se obter água potável, como era de se esperar, agravou.
Nos anos seguintes, a interligação das barragens de Ponte Nova-Rio Biritiba-Rio Jundiaí –Taiacupeba, ganhou o reforço do novo açude do Paraitinga, concluído em 2005. Porém, se aos olhos dos meros mortais tudo estava resolvido, para os técnicos do assunto, os estudos meteorológicos - por ironia - feitos na própria estação local, alertava sobre o possível baixo índice pluviométrico. Há anos que as chuvas não são suficientes para manter os  reservatórios e, sendo uma dos açudes que alimenta a capital, Ponte Nova soma-se às demais que estão interligadas nessa missão. Todavia, nos últimos meses, o que se vê é mais lama e racionamentos. Bastou uma estiagem mais longa e a poderosa Ponte Nova perdeu seu potencial.
Polêmica desde a sua conclusão, muito se falou sobre o valor injusto pago pela desapropriação das áreas que foram inundadas e das dificuldades que os residentes da região dos bairros Tietê Acima, Aparecida e Contenda enfrentaram para se locomover até Salesópolis, centro comercial mais próximo. Mesmo com a construção do aterrado que facilitou o contato cidade-bairros trouxe solução definitiva à questão. Vez por outra, arrombamentos por fadiga do dique trouxe prejuízo à ambos. Em 2014, por exemplo, sem maiores esclarecimentos, a justiça decretou o seu fechamento - o que demonstrou ser uma manobra política- motivo: com a mesma facilidade com que foi fechado, foi reaberto e, cada vez mais, mal acabado.   
No momento, o que mais preocupa é a falta de água. Por um capricho do clima, as chuvas que comumente caem nas cabeceiras do Tietê e região mudaram seu destino. Com menos volume estocado, vemos a matéria prima para a manutenção da vida se extinguir. Com as precipitações cada vez menores, o conjunto de represas se vem com menor volume acumulado da última década. Por isso, no domingo, dia 11, fiz uma excursão em busca do que resta do reservatório local.   
O Tietê no aterrado.
Chegando ao aterrado, vê-se o imenso vale que está exposto. As terras que foram reivindicadas pelos antigos donos mostram as suas antigas belezas. Típicas de todo brejo, as ervas de bicho despontam entre outras variedades que forram as várzeas. Depois da seca, o poderoso Tietê não passa de um ribeiro*. Seu leito sinuoso ainda persiste e, na medida em que vai descendo vale abaixo, vai recebendo as pequenas lâminas d’água vindas das grotas, de cada lado do vale.
Leito da antiga estrada.
A velha ponte.
Do lado esquerdo, as ruínas da primeira estrada que interligava todo o Vale do Tietê estão expostas. Calçada de pedra nas partes úmidas comportavam os carros de boi, charretes e pequenos veículos motorizados, já que os automotores só chegariam anos mais tarde. Logo abaixo, uma das antigas ligações viárias unindo ambos os lados do rio é vista. A velha ponte ainda mantém a sua postura, simples, mas com as madeiras que há meio século suportava os as variadas cargas que por ali era transportada. Descendo um pouco mais, há vestígios de pequenas trilhas que se formaram com a inundação do leito.  Por entre as ilhas temporárias, já nas proximidades do paredão, mais um estreito caminho por onde passava muares e pedestres está à mostra. Outra indescritível realidade é vista onde havia o grande alagado que se estendia entre o “Toboganzinho” e o Tobogã. A antiga via que conduzia os salesopolenses à outras cidades está exposta atrás da grande ilha indo ao encontro do Rio Claro e região. A prova de que a situação é critica está na lama e os princípios de pastagens que reaparecem por toda a extensão. Outro indicador de que a reserva está no fim são as cepas visíveis sobre a água que resistiram as décadas submersas. É uma sensação única. Poder ver o Rio Tietê em sua extensão, por toda a represa; não só ele como os seus afluentes – grandes e pequenos-, é um sonho; contudo, ao considerar a necessidade com que a população passa pela falta desse líquido, torna-se numa trágica realidade.
Obstáculo entre o Rio Tietê e a lagoa.
Além dos problemas causados pela estiagem, outro grande desastre ecológico está acontecendo. Quase invisível diante de todos, chegou a época da piracema, tempo em que os cardumes nadam em busca das nascentes para procriarem, e o que se vê em todas as represas é uma calamidade. Após horas de nado rio acima, são presas fáceis das aves ribeirinhas que os esperam nas margens dos riachos, afluentes e nas lagoas. Aqueles que sobrevivem às predadoras, quando não caem nas redes ou armadilhas dos pescadores, são detidos pelas rochas no início do Rio Claro, pelo Tobogã e Toboganzinho ou pela bica d’água que separa o lago na cabeceira da barragem e o paredão da Cachoeira dos Freires, na usina hidrelétrica. E como a reserva aquática vem se extinguindo de forma gradativa, vai passar o período da desova e não haverá água e nem local apropriado para os variados cardumes –nativos e adaptados- procriarem.
Lago na camada superior de Ponte Nova.
Mesmo tendo esse fim anunciado em virtude da falta da chuva, já se espalha pela redondeza de que a Sabesp/DAEE irão drenar aquele grande lago que se mantém acima do aterrado, devido ao desnível geográfico. Ou seja, na busca por uma solução passageira – as precipitações se aproximam e o conteúdo daquela lagoa será um paliativo -, poderá destruir muitos alevinos e ovas que estão sendo depositadas nas matas ciliares, visto que aquela reserva é uma sequencia da represa e mantém em seu leito ampla quantidade e variedade de peixes.  
Fase final tendo o paredão ao fundo
Em meio a todos esses percalços, a esperança continua. A metrópole clama por água, os veranistas lamentam a sua falta para o seu lazer; os peixes e a vida aquática da cadeia alimentar ali baseada vão sendo dizimados com calor recorde e um paradoxo se completa: O mesmo povo paulistano que almejava a construção de açudes nas cabeceiras dos grandes rios para deter suas enchentes, hoje espera por um milagre e que os mesmos ribeiros se avolumem e com as futuras enchentes os acudam em suas necessidades.

   

 Fotos: Ciro do Valle.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Bambolê.

O gênio idealizou a elipse planetária, (Kepler).
Baseando-se nela, o observador criou o bambolê;
e o homem comum, “bamboleia”.


Senador Roberto Caxias, Cidadão Salesopolense.

Carlos Vereza como o Senador Caxias.
No final dos anos noventa, do século passado, os camaristas salesopolenses aprovaram uma decisão no mínimo questionável. Na época, a Rede Globo de Televisão exibia, pela primeira vez, a novela Rei do Gado - entre 17/06/1996 - 14/02/1997-, que, por ser um folhetim caracterizado no meio rural, caiu bem no gosto popular; no entanto, o que chamou a atenção de alguns edis foi o personagem Senador Roberto Caxias, vivido pelo ator Carlos Vereza, por sua postura digna e sua conduta ilibada. Outro fato que auxiliou nessa decisão ocorria numa cidade vizinha. Lá, entre outras coisas, falava-se em nomear logradouros como: Av. Roberto Carlos Braga, Praça Ronnie Von, etc. Nesse embalo, os legisladores daqui se reuniram, propuseram e, seguindo todos os trâmites necessários, concederam o Título de Cidadão Salesopolense ao personagem fictício. Por sua vez, os outorgantes sonhavam ver Salesópolis, em horário nobre, sendo o cenário de um "drama global".  Esperavam, também, o reconhecimento público, pois aspiravam ver o município se tornar Estância Turística (o que ocorreu em 2001).

Mas como nem tudo é glamour, assim que a decisão camarista caiu em conhecimento público, veio o descontentamento. Um município conceder tamanha honraria à um personagem de novela... e os verdadeiros, ilustres e dignos de tanto esforço? Outro fato preponderante foi a impossibilidade de alterar um projeto milionário que é uma novela. Resumindo: o sonho virou um pesadelo. Sem alternativa, uma nova mesa diretora se formou no fim daquele ano e, no inicio do novo mandato, o novo presidente, "no dia 17 de janeiro de 1997, em Sessão Extraordinária, os vereadores (presentes) votaram, aprovaram a cassação  do título de "Cidadão Salesopolense" ao personagem do Senador Caxias, interpretado por Carlos Vereza na novela "Rei do Gado". *

Mais uma vez a Rede Globo voltou a reprisar a mesma novela e alguns daqueles vereadores continuam na Câmara. Será que virão novas homenagens? 

Foto. fot.arley_alves. google.
* Jornal A Notícia, edição n.º 01 de 1997.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

As placas nas rodovias são confiáveis? Complemento.

Postado em 26/09/2014
As placas nas rodovias são confiáveis? 
Se a sua resposta é sim, eu proponho que você preste mais atenção nelas. Sua função é informar, mas, às vezes, elas trazem erros que podem alterar a informação.
Fotos CV
Veja os exemplos que eu encontrei nas placas colocadas da Rodovia Alfredo Rolim de Moura. Estrada que foi recentemente reformada, ampliada e, em alguns casos, duplicada e amplamente sinalizada.
Registrei alguns erros que não chegavam a causar grandes transtornos, mas estão incorretos. Seguindo no sentido Mogi das Cruzes-Rodovia dos Tamoios, o primeiro deles está próximo à rotatória, na reta do Irohi, que dá acesso à Estrada do Sogo, no município de 
Biritiba Mirim. Com a intenção de homenagear postumamente um respeitado cardiologista amigo da cidade, o Poder Público nomeou aquele acesso como: Estrada Dr. Artur Alberto Nordy  e não Nardy, como seria o correto. 

Bem, passado alguns meses, por coincidência ou não, as placas daquele cruzamento foram refeitas. Finalmente a homenagem pode ser considerada completa. Parabéns aos responsáveis pelas mudanças.