In Natura.
Um sistema perfeito. Assim define os defensores da Natureza a tudo o que
nela se protagoniza. É uma sequência de acontecimentos, nada sobrevive ao
acaso. Cada ser vivo tem sua função definida. Plantas e animais seguem o mesmo
ritual de nascer, crescer, reproduzir e morrer. A visão poética se apega ao
lirismo ignorando a luta que se trava entre os subtipos. É uma batalha
sangrenta entre si e na superação das intempéries climáticas. É algo necessário
aos “adolescentes” para que se tornem fortes e hábeis. Dos minúsculos plânctons
aos bisões e rinocerontes, têm-se em comum os instintos de sobrevivência e da
procriação. Sob a luz do velho sol, castas variadas se renovam e se distribuem
por toda a terra. Nas águas, as algas e os micros organismos despoluem os rios
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Alvorecer- Snascimento. |
e mares. Pequenas aves e animais rasteiros são “semeadores” desordenados.
Têm-se os “acasaladores”: vespas, borboletas, beija-flores, agentes da
fecundação entre as plantas. “Lixeiros”, na pele dos urubus e carnívoros de
pequeno e médio porte, cuja ação é transformar as matérias orgânicas, do estado
de decomposição, em insumos absorvíveis pela terra e, por fim, os predadores:
grupo que contêm o avanço desordenado dos frágeis, velhos e deficientes. Não
dependem de vestimentas - são nus-, nem do ouro ou dos brilhantes ocultos na
terra, mas da vida farta que se faz sobre ela. Nem todos praticam o “beijo de
língua” mas alguns são adeptos da felação e do incesto; o sexo é um mero
instrumento de perpetuação da espécie. São nômades guiando-se pelo clima e as
fontes alimentares. Fazem seus abrigos nas árvores, nas tocas ou mesmo ao
relento. São livres, mas, ao mesmo tempo, sujeitos à ação impiedosa dos
predadores. Práticos, poucos grupos preservam os idosos (Morrem na meia idade,
nos combates) e nem os inválidos; (são, naturalmente, abatidos nos primeiros
dias de vida) o que faz deles uma sociedade completa formada por fortes e
férteis; sendo a maioria “jovens” vigorosos, “crianças” bem protegidas e
conscientes dos riscos que têm que enfrentar. Suas atitudes mostram que cada
grupo conhece o seu destino e se empenha na única missão dos seres vivos que é
reciclar tudo o que é excessivo no sistema. São o que são: - animais- e isso
basta! Dentre eles, porém, impõem-se à raça “sapiens”; seres providos de forma
física favorável e imaginação ilimitada, mas perdem-se entre tantas
possibilidades e assimilam o lado animalesco cultuado no underground das
aglomerações em que vivem. Em sua sede de grandeza, transformam o sistema que,
na ótica poética é perfeita, em inferno; e, nele, ainda vivem para serem
deuses.