sexta-feira, 3 de junho de 2016

A Fraternidade e a Natureza


Quero -Quero no ninho.  Foto: Snascimento.
Todos os anos a Campanha da Fraternidade foca um tema social. Neste ano ela trouxe à tona outro tema com os mesmos objetivos: “Casa comum, nossa responsabilidade”; que propôs debater a relação com o Meio Ambiente. É tempo dos órgãos formadores de opinião e, principalmente, a Igreja Católica, tomar posição mais incisiva. Sendo uma instituição milenar, sempre esteve ao lado dos movimentos que nortearam a humanidade. Outro fator preponderante é a facilidade de penetração desse segmento no contexto humano. A questão ambiental é necessária. Os estragos no sistema já vêm de longa data e, ao que tudo indica, não terá retorno, mas poderá ter seu final trágico prolongado. A missão da comunidade religiosa será uma árdua batalha por se tratar da correção de um erro praticado há séculos. Quando o homem domesticou o fogo lançou a pedra fundamental para a destruição do ecossistema. O próximo passo foi a extração da soda cáustica da cinza. Ao abandonar a vida do campo se aglomerando em comunidade; sempre ribeirinha -, fez necessária a utilização de esgotos. Ao dispensar o trabalho dos besouros e dos agentes naturais de dispersão dos dejetos, os esgotos são lançados na água destruindo os rios e da vida que deles dependem. Até o final da Segunda Guerra, os avanços destrutivos da Natureza não mereciam tanto destaque frente às baixas conquistas tecnológicas comparadas ao presente. Já nos anos pós-guerra, na reconstrução da economia mundial, os grandes desmatamentos em busca da matéria prima para o gasogênio, a expansão da indústria, a utilização de combustíveis fósseis e a pecuária expôs o planeta ao calor e à destruição da camada de ozônio que só mais tarde seria notado. O agravamento trouxe as alterações climáticas e, desta vez, ressoou oportuno o apelo dos estudiosos. A Terra está em apuros e a humanidade, como parte integrante dela, segue o mesmo destino. Os grandes desflorestamentos a expõem de forma desordenada aos raios ultravioletas e o excesso de poluentes está causando desarranjo na atmosfera. Na luta em busca do seu arrefecimento, o solo aquecido recorre às águas das geleiras dos polos, as mesmas que abundam sobre a terra em forma de desastrosas tempestades. As Ongs protestam e os cientistas mostram os números que são reforçados pelos desastres ecológicos. Tsunami na Ásia, deserto no nordeste e na Amazônia, furacões e tufões na América do Norte. O que seria uma conquista trouxe o caos. Como se não bastasse, a imprensa nacional vem notificando que os grandes desbravamentos visam à cultura de produtos para a exportação; se o álcool já ocupa destaque no mercado, agora, tendo se se transformado em commodities;... O que será das planícies e dos cerrados? A necessidade de combustível dos EUA pode ser resolvida, em partes, com o biodiesel e o etanol brasileiro. Desta forma, os brasileiros serão instigados à expansão das áreas produtivas e com a benção da maior potência mundial. Acontece que, durante séculos, a Natureza manteve seu sistema de autodefesa. Criterioso e desumano, ele nada perdoa. É a lei batizada por Newton de; ação e reação; ela mata, fere, cobra o que lhe pertence. Se em todos esses milênios o planeta foi submetido a uma via sacra; hoje, quem transporta a cruz, é o povo. Alheio às necessidades humanas, ele responde aos abusos dos hábitos mundanos com falta de água potável, calor excessivo, chuvaradas, solo de baixa fertilidade. A missão da Igreja é conscientizar os fiéis do habitat que eles vivem mostrando-lhes o valor da preservação. Os quarenta dias da Quaresma são irrisórios, mas considerando-se de que pouco fora feito, é um passo importante. Acreditar numa solução plena é uma utopia; mas qualquer benefício que advier dessa campanha será bem-vindo. De qualquer forma, uma vez semeada essa ideia e comparada aos exemplos naturais presentes, será mais um flanco a ser defendido. A biodiversidade, mesmo combalida, ainda dispõe de sua cadeia depuradora, mas em processo lento frente aos excessos praticados. O objetivo deste front é não a salvação da alma simplesmente, mas o planeta! Para isso, a humanidade precisa aprender - principalmente com os grandes exemplos - a ver o mundo com paixão. Pois a mesma Natureza que outrora foi a manjedoura, se não amparada, em breve, será da humanidade... o calvário!