sábado, 30 de agosto de 2014

Bom Jesus do Serrote

A Comunidade Bom Jesus do Serrote teve a sua origem na época dos tropeiros. Eles encontraram naquele ponto área para descanso e a presença de água e de pastagem. Antes era só uma trilha nativa, mas acabou fazendo parte da conhecida Rota do Sal e do tráfico negreiro interligando-se ao litoral. O seu desenvolvimento foi gradativo ganhando destaque no pós-guerra e na fase da exploração do carvão vegetal.
Vista Central da Comunidade.
A primeira conquista relevante foi a doação do terreno (dois hectares aproximadamente) para a construção da capela.  
Ao redor da igreja consagrada ao Bom Jesus, famílias se instalaram. Sitiantes proletários animavam as celebrações e a vila ganhou destaque. Chegou a ter seu cemitério, Inspetor de Quarteirão, comércio, escola local e foi elevada a categoria de bairro.
O desafio para administrar esse núcleo foi a sua localização. Pertence, oficialmente, a Santa Branca, mas está situado num ponto extremo entre Paraibuna e Salesópolis que, dentre os três municípios, é o mais próximo. Por isso, o contato social, político, comercial e religioso predominou-se com ele. (A prova disso foi o encerramento da última festa feita pelo padre Luciano Batata, de Salesópolis, e o Coral Movic, de Jacareí).
Outra particularidade desse bairro é a disponibilidade de festeiros permanentes que oferecem alimentos nas celebrações e de ministros, leigos e corais que cuidam das rezas mensais. Todos os meses do ano há uma família incumbida desse encargo.
As dificuldades apareceram com as mudanças da economia. Com a queda da agricultura de subsistência, do comércio do carvão e da atividade leiteira, veio a monocultura do eucalipto onde os grandes latifundiários empregam pouca mão de obra local. Distante dos centros urbanos e com precária oportunidade de sobrevivência, seus membros foram dispersando...
No entanto, nos últimos anos, grandes conquistas vieram:
Foi ampliado e construído mais barracas de apoio;
Formou-se um gramado natural nas dependências;
Foram instalados bancos na praça, a energia elétrica; plantio de novas mudas de árvores, melhoria nos sanitários;
Foi reformado o campo de futebol;
Conquistou-se a documentação que legitima a posse definitiva do terreno;
Fez-se um pista para motocross, de caminhada e, nas últimas festas, consolidou-se o encontro equestre - como nos tempos dos tropeiros reunindo centenas de cavaleiros e amazonas.
Além disso, é uma Comunidade que mantém um grupo autentico de Reza à capela e Dança de São Gonçalo. Mesmo tendo parte de seus integrantes residindo em Santa Branca ainda preservam os ritos locais.
A última conquista era a aquisição de água potável para atender a todos os convivas, mas o processo de captação está adiantado.
Discutia-se, ainda, a instalação de holofotes ao redor do campo de futebol para a sua prática noturna.
Refez-se a sociedade com as prefeituras e os proprietários locais na manutenção das estradas de acesso.
Todo gasto com sua infraestrutura vem das festas anuais e prendas.
Bom Jesus do Serrote, mesmo sendo só um ponto de encontro, é a Comunidade mais bem estruturada das redondezas.
Todavia, diante de todos esses feitos, uma decisão inesperada foi anunciada aos seus membros: o fim das celebrações mensais. Assim, no terceiro domingo, no próximo dia 21 de setembro haverá a última celebração com as 12 famílias festeiras e representantes da nova administração para que essa ordem seja oficialmente comunicada.
Os filhos e descendentes do lugar estão dispostos a colaborar; seja na liturgia ou nos trabalhos de conservação sempre acudida pelos vizinhos; do contrário, a partir desse encontro, a igreja será aberta somente para a festa anual e não se sabe quem cuidará da manutenção e dos encargos típicos com a manutenção da Comunidade.

Considerando a longa parceria com Salesópolis, os festeiros têm esperança de que uma nova proposta conciliadora de eventos mensais venha a ser feita e que se preservem as tradições seculares da querida Capelinha.