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Colaboração da
família Pinheiro. (José Jacinto in memórian)
É chegado o esperado dia.
Durante todo o ano, a vida - com seus altos
e baixos -, se ajeitou.
Os munícipes e convidados vão chegando e se
instalando nas redondezas do Franciscão. É a festa do eucalipto que se realiza
na submissa Salé. Fatos e feitos tradicionais são relembrados nesse evento que
vem ganhando dimensão interestadual.
Neste espaço, desta vez, vamos abordar uma
particularidade desse povo: o cognome. O apelido é uma forma de a comunidade
rotular seus membros e, com isso, criar um personagem adaptado às regras do
lugar. O que ninguém nota é que essa prática vem de longa data. É só dar uma
olhada no passado para ver o grande contingente de apelidos com raízes centenárias
que se espalham por entre os estandes. Nesta festa se encontram descendentes do
Totó Fernades, Totó Cardoso, Totó Bonito, Totó Rocha que era primo do Tóte e
que foi amigo do Tózinho e da Dona Totò, que não se deixa enganar. Cômico,
satírico ou metódico, eles se alastram. Há uma imensa variedade de alcunhas
desenvolvida pelos munícipes. Nessa versão, pessoas e personagens se encontram
num evento imaginário.
Seguem as honrarias. Sendo a décima
primeira edição do evento, muito se fez, mas muito há por fazer. Entre
exposições e palestras, os temas versam sobre o principal produto da região: o
eucalipto. Uma voz em off anuncia: (ao som de música flamenga)
_ ...Com vocês... o incansável... Magal!!!
Magal – Mude essa música, meu filho!
Estamos iniciando mais uma festa do eucalipto e quero lhes dizer que eu também
tenho como companheiro um papagaio Louro...
Papagaio – (ao som de moda de viola) Louro...não!
Craac! Dosouro!
- Chame, também, o Preá!!! Insistiu alguém
de um grupo onde se via membros da família Chaminé; a Zu, o Fofo e o Sórdinha.
Várias barracas cercam o espaço. Propaganda
à parte, o charme do lugar se dá à presença feminina. Jovens se encontram,
casais se enamoram, pessoas se divertem. Discretamente, pessoas conhecidas
percorrem os espaços; Mi, Ma, Gabi; na mostra de reflorestamento ouvem a
palestra de Parréla e Tonheca sobre o meio ambiente e a imagem; Shana, Tiana, Ju
e a Cáta apreciam as brincadeiras; Lola, Nena e Nega visitam o artesanato. Marle, Poli, Conce, Igue, Guida questionam
Dora, mãe do Japa, numa reunião improvisada sobre educação; já a Nhêta, Bástia,
Chú e a dona Cóta, lamentam a falta de um cenário produzido por dona Cila,- em
tempo reconhecida pelos feitos locais-; nele, introduzida pela Divina e
acompanhada por um improviso apaixonado do Pi, ouviria-se a voz aveludada da
Zica, numa singela homenagem a Zéca da Bitica, Frango, Batatão....
Na roda de amigos figuras são lembradas: Panca,
Bana, Charuto, Porangaba, Zabé, Zétão... Nomes característicos locais também se
expõem: Jô, Tãozinho, Tião tião, primo do Tião Bói, Jaimão e a Tulinha, que tudo
contabiliza e manda a conta.
Tala e Tóla se conhecem e Dinho, Dine, Done
e Du não formam um quarteto.
Provas.
No chinelo; Billu e Bolão não saem do lugar
alegando que Esquerdinha e Guaru queimaram na largada. Feijão e Fumaça se
atrapalham; Meio Quilo e Bil, concentrados. Soa o apito.
Magal – Cuidado com os convidados! (na
platéia: Bê, Tano, Preta;) – Segurem o Lebre, o Burrico!... Não pisem no
Sapo!; Protejam o Galo! Olha o Grilo!!!
Correndo por fora, Meio Quilo e Bil são os
vencedores.
Zezé, Zico e Juca não são parentes. Ticão e
Miagui são amigos de infância e, ao lado de Sulica; Beto, Cris e o Nato,
aplaudem da escada.
Dosouro - No cabo de guerra teríamos; craac!
de um lado, a turma do Pega Taz; do outro, a turma do Corote. Com a ausência do
segundo competidor, craac, entraram: Cheiroso, Pirulito, Pacuia, Biriba,
Macalé, Cabeça; força, moçada!
Magal - Resultado: foram desclassificados
Pirolinha, Pistolinha, o Passarela, o Minhoca ....(Agitação entre os
competidores) - Alguém chame por reforço para conter os revoltados.
Dosouro – Craac! Chamem o Cunhão, o Piaza e
o Ventania e detenham o Fubá, o Pestana e o Biqüila por prática ofensiva.
Na roda dos ex-esportistas, sobressaía a
figura dos veteranos: Xarope, Furacão, Flecha, Ferpudo, Gi, Mingo, Caçarola, Gato,
Tifú; o saudoso Quinabraia também foi lembrado.
Amontoados em frente às arquibancadas
espremiam-se o Birosca, o Tocha, Da Lua, o Véio, Goiaba, Parafuso e o Poeta;
eles incentivavam na corrida com toras onde o Arroz, Tartaruga, Unheiro,
Branco, Galego e Caranguejo mostravam suas forças. O vencedor foi o Cotonete e
o Vardão saiu bravo e com o chapéu amassado.
Na prova de arremesso de toras desclassificou os seguintes
competidores; Cabeludo, Presépio, Polenta, Gringo, Carioca, Pelé, Babalu,
Frangão, Pio, Biro, Xixi e Bahia. Os finalistas era a nata dos mais fortes: Carnudo,
Zé do Bófe, Déquinha e Chico Diabo. O Júri, no entanto, desconsiderou o
resultado por eles apresentado, então foi criada uma rápida comissão para decidir
o resultado. Apresentaram-se Chacrinha, Barrinha, o Xuxa, Nhonho, Nilão, Nil e
o J.B.; a presidência foi dada ao Quietinho. Considerou-se vencedor Déquinha
que ofereceu a vitória à memória de seu pai, Pinheiro, e do saudoso Capivara.
Alguém lembrou o Lendário Nhôr, do Fuinha, Bi, Cambéva, Farelão, o Carijó, o
Cará...
Magal - No sorteio avulso foram premiados:
Diz aí Louro; quem levou a camiseta?
– Louro,
não! Dosouro. A camiseta foi pro Bigode; craac, o boné, no par ou impar o Chororó
perdeu para o Amarelo; o chaveiro para o Borracheiro, craac; O Ney dispensou o
brinde; o Cordeiro e o Sujinho não estavam na nos arredores.
- “O nobre colega permite-me um aparte? O
Cordeiro citado é nome e não apelido”. Afiançou o Nico acólito com a aprovação
do Nico da Lenita e do Nicão. O Nico da Santa Casa estava em lua de mel, na
praia.
Na barraca do churrasco pousavam para foto:
Vanuza, o Chiba, Seninha, Pintinho, Capim, Pacuera, Masquinha...
Na prova do tambor havia uma fila de
espera: Pescoço, Sardinha, Pisqüila; apostavam no Bob; já o Formiga, Fuscão e o
Criança exibiam roupas sujas de pó de serra, fruto do tombo que levaram.
(Agito
próximo ao palco e o papagaio é depenado) – Socorro!!
Magal – O que foi Louro?
- Louro não, Dosouro! Eles me atacaram
porque eu lhes perguntei se alguém estava com a ruela do Heno.
Prova do descascamento.
Dosouro – Temos aqui, craac, uma questão
difícil. O Rapacuia protesta que seu, craac, toco é muito grosso, mais comprido
e duro; enquanto que os dos demais são moles curto e fininhos. (Nova pancadaria
se estendeu no centro do ringue). Na barraca das batidas, Naldo, Negão,
Bracaiá, Gordo, Gui, Gaiola ignoram e divertem-se com as piadas do Nhaca.
Na prova com obstáculos, o Juriti, o Pombo,
o Curruíra e o Biguá saíram voando sobre os obstáculos; O Jabuti, o Tatu, o
Carneiro e o Gordinho foram erroneamente escalados contra o Lagarto, o Coelho,
o Rato o Xita. O Piriquito se manteve sentado, o Sagüi ficou na sombra; o Bode
e o Bodinho expunham um novo perfume; o Jacaré, o Castor e o Trator, por serem
de Biritiba, ficaram perto rio; dizem que eles temiam as rondas do Kiko e do
Nego próximo ao Paraitinga. O Raposa - ao lado do Sabiá, Cuitelo, Canário e do
Coruja -, torcia...
Se o assunto era quinta roda; Batata,
Paralama, Melancia, Catatau, Serrinha, Sarninha, Gata Véia, se explicavam; se
fosse cambão de engate, as opiniões ponderadas vinham do Nenê, do Cascudo,
Bolacha, Lambari e do Pica Pau.
Magal - Diz aí, Louro! Qual o resultado do
concurso de piadas?
Dosouro- Louro...não! Dosouro. Num júri
formado (craac) Rei de Ouro, Prata Fina, Céu Azul e Ouro Verde; Bola Branca,
Bucha, Maroca, Craac,
E o primeiro lugar, Louro?
_ Louro não... craac! Em primeiro lugar, ficou
a piada do Cipó. Ele afirmou que o Zelão, Nirdão, Ponteado, Boiadeiro, Salim, o
Barbeirinho e o Borracha alugaram um condomínio na Ilha Bela por uma semana,
onde ficaram acampado pescando “espadas” e jogando Paciência.
O resultado provocou aplausos do Salé, do Inseto,
e da roda animada: Pardal, Nhardo, Inho e Português sobre protestos de Tição, da
Lu, do Pite, do Déo, do Mala Véia e do Barba, também concorrentes..
Na sombra da mata ribeirinha, Salsicha,
Cebola, Feijão e senhores Buby e Lála falam sobre o custo de vida.
Observando o estande das máquinas, dos tratores;
os Japãos (mecânico e lavador), China, Bokão, Bokinha, Viola, Chulapa e Sacomani gastavam sugestões sobre suas manutenções.
Sobre as motoserras; Índio, Tiririca,
Pezão, Brinco, Tiquinho e Neno tinham a mesma opinião.
Durante os dias foram assim. Pessoas das
mais variadas regiões e, até estado, participaram.
Com a aproximação do fim do evento, restam
os cacoetes improvisados por Magal e Dosouro: “pega, pega, pega. Descasca o pau
dona Maria; abrace o pau com carinho e não deixe ele escorregar”.
A chegada do crepúsculo contabiliza
centenas de olhares, de declarações afetivas, pessoas que se reencontraram e a
festa, em si, cumpriu a sua função.
Na tarde de domingo, sob os olhares atentos
de Belo, Pitanga e Tio e dos incansáveis vigias Barroca e Buldog; Jóca dispensa
a palavra; as autoridades proclamam seus discursos, as Mineiras se despedem.
Coca, Careca, Paiacã, Garrucha exibem seus prêmios; Cóbinho, Taquara, Ferrugem,
Bicudo e Biscoito, nada levam, mas estão cansados e felizes.
Magal, sem voz, mal ouve o pigarreado de
seu companheiro, Dosouro. Ao perceberem que a missão foi cumprida mergulham em
profunda introspecção.
Há descontentes e haverá discordância das
despesas.
Por trás das alcunhas se esconde a
verdadeira fisionomia da força que move o município.
A noite silencia a multidão com seus
algozes e esperanças, mas a figura humilde do Juruna (Agostinho Leme da Cruz)
garante que tudo vai ficar “bão”.