sexta-feira, 13 de março de 2015

Gente de fora.



 Seguindo a republicação de texto que abordaram personagens e feitos salesopolenses, é a vez da versão “Gente de fora” lançado em outubro de 2008.
                    
  A eleição municipal de 2008 trouxe a tona um assunto que, vez por outra, ganha espaço na mídia paraitinguim.
O candidato Roberto Pereira da Silva, embora tenha a sua origem em Salesópolis, ficou conhecido politicamente em Biritiba Mirim.
Após cumprir dois mandatos naquela cidade, mudou seu domicilio eleitoral para Salesópolis e candidatou-se ao cargo de prefeito. Essa decisão causou um reboliço nas pretensões locais. Mudanças impensáveis ocorreram visando banir o “forasteiro” que crescia nas intenções de votos. À medida que as discussões cresciam, seus adversários políticos abordaram uma reação bairrista de derrotá-lo sob a alegação de “ser de fora”, feito que rima com Salesópolis.
Nesta coluna vou abordar alguns nomes e feitos; o rol das pessoas estrangeiras que modelaram sua história é imenso. Até mesmo a criação do primeiro vilarejo foi para abrigar viajantes.
A primeira influencia teria sido o contato com a picada elaborada pelo Padre Manuel Faria Dória que unia o Vale do Paraíba ao litoral.
Foi Antonio Martins de Macedo (Antonio Aranha) quem fez uma pousada no cruzamento das trilhas que redundaria, no século XIX, na freguesia de São José do Paraitinga e, consequentemente, em Salesópolis.
Em seguida, os destaques foram as famílias Freire, Miranda, Mello e Carvalho, tidos como benfeitores por adquirirem e doarem para uso público uma gleba junto a igreja.
Na fase pós-escravidão, Salesópolis, ainda como São José do Paraitinga recebeu portugueses, italianos, espanhóis, alemães e árabes. O resultado dessa acolhida trouxe escolas, banda de música, jornal, princípios democráticos como o parlamentarismo municipal implantada na prefeitura, e um forte vínculo político com a Capital Federal. Salesópolis é uma homenagem ao senador e presidente Campos Sales, filho da região cafeeira de Campinas
Padre João Menendes, (espanhol) vigário da paróquia, iniciou e terminou a igreja Matriz que inspirou a capela de Nossa Senhora Aparecida, no Arrepiado.
Padre Manoel de Azevedo Lima, (português) melhorou o templo, dotando-o de altar-mor, bancos, relógio, sino... Teve a sua participação na economia trazendo a técnica do cultivo da batata inglesa e na política sendo influente embaixador nas dificuldades dos anos trinta do século passado.
N. Félix - A. familiar.
O finlandês Victor Wuo instalou e publicou o uso da energia elétrica. 
Os italianos Francisco e Antonio Capistrano trouxeram as primeiras jardineiras e incentivaram as serestas, o esporte, o cinema;
Narciso Félix, natural da Síria, foi destaque na moda, no comércio e no esporte;
Osório Lopes da Silva, mineiro vindo após estadia em Santa Branca...
José de Paulos e família Cardoso, portugueses que, nos anos quarenta do século passado iniciaram seus investimentos na região. O primeiro trouxe de Pilar do Sul o Fórmio (Fibra); o segundo investiu na exploração de madeira criando a primeira estrada ”tarifada) do lugar.
Ainda na década de 40, os primeiros imigrantes japoneses são assentados no atual Distrito de Nossa Senhora dos Remédios.
Padre Vicente de Aguiar decorou toda a Matriz trazendo para isso o artista italiano Antônio Limones;
Léo Ardachnikoff, de origem russa, inicia as experiências com agricultura em escala comercial.
O avanço da exploração do carvão vegetal recebe grande contingente de autônomos ádvenas. Entre eles os negros José Sebastião Alexandrino e Benedita Parente;
Em 1950, Casemiro Augusto Gomes instalou a primeira fábrica de esteira de taboa, com tecnologia adquirida em Santos; faz experimentos com grampos, rolhas, plásticos gerando empregos diretos além da considerada participação na cultura, esporte e lazer.
Padre Benedito Rodrigues da Cunha incentivou a criação de grupos de teatro, instalou o sistema de som na igreja e o primeiro cinema da comunidade.
Ruy Costa, jovem farmacêutico comprou a sua primeira farmácia na cidade; hoje é honrado cidadão salesopolense.
Adhemar Bolina, Anielo Fontanelli, Araci Camargo, professores aqui radicados e reconhecidos.
Dr. Sebastião, Dr. Mitsuo Terada, Dr. Gilberto Losano (vice-prefeito eleito)...
Tony, Karfan, família Félix, presenças libanesas no comércio.
A exemplo da professora Olga Chakur , incontáveis lecionaram e lecionam em todo o município;
Paulo Sexto, Lily Caporalli, pessoas de fora que representam tão bem esse rincão.
Há tantos médicos, enfermeiras e assistentes que fazem dessa cidade o seu ganha-pão.
Investidores de todos os níveis estão espalhados pelo município: Hotel da Barra, Pousada do Alemão (sr. Irving); família Gonçalves (Mercado Português), Okamura.
Em todos os empreendimentos bem sucedidos, há ou houve a presença de “forasteiros” envolvidos;
Profissionais liberais, locadoras, dentistas, advogados estão espalhados pela cidade, Casa essa que pela própria condição de n Estância, voltou às origens do século XIX e tem como meta acolher bem os estrangeiros.
Em 2002, em conversa informal com o saudoso senhor Syrio Félix, falando sobre o futuro de Salesópolis ele sentenciou:
“... e com todos esses contratempos que enfrentamos, o que esperar pelo futuro? O primeiro passo é treinar as pessoas ativas, estruturar o comércio, criar condições e atrações interativas, melhorar as vias de acesso aos pontos turísticos – principalmente a nascente do Tietê e esperar pelos turistas. São os forasteiros que irão suprir a nossa economia...”
Por falar em peregrino, até mesmo este pesquisador tem a honra de publicar os feitos dos salesopolenses e amigos, mas sob licença de Santa Branca, onde ele viu pela primeira vez a luz. 
10/2008.