Desde a pré-história os homens se atrelaram aos outros,
seja por insegurança ou por submissão. Cada tribo tinha o um líder que a comandava
nas batalhas e um guia religioso que cuidava da parte mística. Coerente ou não,
eles detinham a classe humilde que se rendia diante de sua espada.
Com o fortalecimento do segmento que viria a ser a Igreja
Católica Romana, a ascensão de Moisés na fuga do Egito estabeleceu a sua
liderança.
Dessa conturbada fase, um feito cultural se manteria
em evidencia: o dízimo. Dos remanescentes de Jacó, foi designada que a tribo de
Levi cuidaria da parte religiosa e, para que ela sobrevivesse as demais
contribuiriam com a décima parte do que produzisse lã, azeite, trigo, animais e
ouro para os ornamentos do templo e assistir os órfãos, viúvas e os pobres
Sempre aliada às classes dominantes e combatendo a
ferro e fogo os dissidentes, o catolicismo sobreviveu. Muitos de seus
seguidores migraram para as novas descobertas marítimas em busca de fiéis e
foram os membros da Companhia de Jesus que registraram a história das Américas.
Filho dessas descobertas, o Brasil manteve em seu bojo
a formação dessa crença. Posteriormente, com a vinda dos italianos e espanhóis
consolidou a cultura cristã.
Mas o século vinte traria mudanças. As Guerras Mundiais
alteraram a economia, os hábitos e a prática religiosa. Enquanto perdia seus
seguidores, a Igreja via suas finanças despencarem. Pressionada por mudanças
internas, crescia a presença dos protestantes que sobreviveram as pressões.
O próximo passo foi fazer concessões e, e o mesmo
tempo, restabelecer prática do dízimo para arcar com as dívidas que avolumavam.
Por outro lado, o Regime Militar implantado nos anos 60 tomou suas próprias
diretrizes visto que a fé empírica era um peso em suas decisões arbitrárias.
Com isso, o crescente avanço submisso dos evangélicos era inevitável. Atuando
como oposição buscava arregimentar os descontentes com os dogmas cristãos.
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O fim do militarismo, o crescente avanço do
conhecimento e as liberdades que a nova Constituição concedeu, a humanidade
entrou para o Terceiro Milênio com um povo tribalizado sob inúmeras
denominações. Interpretando a Bíblia sob a sua ótica, usam de sua influencia
sobre as classes ignoradas pelos descasos políticos pregando à decadência e os
convocando a união de forças. O antigo dízimo que mantinha os Levitas é irrisório
diante dos conclamados pelos pastores. Eles exigem os dez por cento dos
vencimentos e participações nos eventos.
Em duas décadas os Evangélicos dominam grandes redes
de comunicação (rádios, tvs e gravadoras e gráficas) impondo restrições e
pagando com alto preço pelas horas em programação em horário nobre; promovem
shows e encontros expandindo seus horizontes. A sua comunidade é formada por favelados,
ex-dependentes químicos, educadores, advogados e profissionais liberais.
Outro feito é à entrada de seus membros para a
política. Com presença em quase todas as escalas já se estabeleceram em Brasília. A força que
os católicos exerciam na eleição, os crentes agem nas interpretações e execução
da lei. Embora não se possa afirmar que estão unidos pela causa em função das
discórdias existentes entre as lideranças, é certo que os brasileiros terão
pela frente, se não agora, mas em futuro próximo, uma nova forma de liderança.
Em 2010 e 2014, a candidata evangélica Marina Silva foi
postulante a um cargo maior: a presidência do país. Isso evidencia que, mais
que a parceria subserviente milenar que os católicos exerceram, os evangélicos
demonstram que, também na política, além de cargos menores, eles querem muito mais!