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Tamoios - google |
A
região alta dos rios Paraitinga, Tietê e Claro, quando se tornou conhecida dos
colonizadores, era cortada por trilhas milenares traçadas pelos nativos. A
principal delas interligava a atual cidade de São Paulo -via Ubatuba- ao Rio de
Janeiro. Era Rota dos Guaianazes conforme descrição feita num relato no site de
Paraibuna. *“O antigo caminho dos
Guaianases, que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo, unindo as tribos de serra
acima às do litoral. Saindo de São Paulo de Piratininga, subindo o rio Tietê,
passando pela freguesia da Penha de França, São Miguel, Mogi das Cruzes,
atingia suas nascentes, descia-se passando-se pelo bairro do Roseira, seguindo
a corrente do rio Fartura, passava por sobre a sua foz desaguando no Rio
Paraibuna, seguia em direção à Natividade da Serra, em direção à Ubatuba e
seguia-se acompanhando o litoral até Paraty e Cabo Frio, Angra dos Reis, deste
ponto até o Rio de Janeiro, a antiga aldeia de Uruçumirim”
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Padre Anchieta- Google. |
No
século XVI, os jesuítas da Companhia de Jesus travaram os primeiros contatos
junto ao litoral e, por conseguinte, com os planaltos que se estendiam além
serra. O próprio site afirma que _*(Pelas margens do
rio Paraibuna passou o próprio padre José de Anchieta, que aquí esteve no ano
de 1561 na esperança de apaziguar os índios Tamuya (Tamoio) que levavam perigo
constante aos fazendeiros de São Paulo de Piratininga). Em Salesópolis, por exemplo, ela despontava da cabeceira do
Paraitinga, guinava para a margem esquerda do Tietê e nela permanecia.
Com o extermínio dos Tamoios permaneceu
o caminho que interligava os vales do Tietê e do Paraíba. A partir de 1611,
quando André de Leão partiu com sua Bandeira desbravando, reconhecendo e
povoando todo o vale, estava lançada a busca pela colonização da região leste. A
cada núcleo assentado novos caminhos se dirigiam em busca da antiga rota que estava
consolidada até o litoral.
Entre os achados, o ouro foi o grande
atrativo comercial. Por ser uma cobiçada moeda comercial, muitos aventureiros
para cá vieram e, com eles, os piratas, exploradores que depredavam as riquezas
naturais.
Visando
um maior controle da exploração econômica, Portugal mudou a capital da
Província que era sediada na Bahia, para o Rio de Janeiro. Incentivou, através
de decreto, a colonização dos acessos ao litoral o que fortaleceu o contato
entre os “sesmeiros” da região leste de São Paulo de Piratininga.
Desde
meados do século XVIII que os jegues haviam sido inseridos nos transportes, a
velha Rota dos Guaianazes e seus inúmeros acessos, com o passar do tempo, foi demarcada
em pontos de descanso em trechos compreendidos entre vinte e trinta mil metros.
Um desses pontos, improvisado há uma légua do tradicional pouso, em função do
entroncamento com outras trilhas que vinham do Vale, prosperou.
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Igreja - Foto Faria |
O
ponto de encontro, na verdade, foi um acontecimento normal do aumento populacional.
Vinda do Alto Paraíba, a trilha milenar cruzava com o bebedouro, que hoje é
denominado córrego do Padre Manoel, seguia em direção ao Rio Tietê. Por ser um
caminho de nômades, buscava sempre as várgeas e, naquela altura, recebia os
novos viajantes dos assentamentos em formação.
Em
1808, a vinda da Família real para o Brasil, D.João VI criou leis que
possibilitavam o comércio e aumentou a tributação para o Império. Com a
presença de portugueses, a prática religiosa não ficou a margem. Assim, nessa
pousada, em 25 de fevereiro de 1813, a
Cúria Metropolitana determinou a criação de uma pequena Comunidade, consagrada
a São Jozé, ao lado do Rio Paraytinga. (Igreja localizada no centro da antiga sede)
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Bantos - Google |
Em
1831, dezoito anos após a sua fundação, a capela passou a categoria de Curada.
Utilizando o critério de divisor de águas, delimitava as suas divisas.
Em
1832, o padre Manuel de Faria Dória inaugurou uma picada que cortava caminho interligando
o Vale do Paraíba direto ao Porto de São Sebastião. A comunidade elevou-se a
Freguesia pela Lei n.º 17, da Província de São Paulo, no dia 28 de fevereiro de
1838.
Em
21 de março do mesmo ano, visando à construção de uma capela, em homenagem ao
padroeiro, foi feita por Antonio Martins de Macedo (Aranha) ao cidadão Domingos
Freire de Almeida e outros a doação de uma área onde se localiza, nos dias de
hoje, a Praça Pe. João Menendes até o Posto de Saúde.
A
14 de abril de 1838, os alferes José Luís de Carvalho e Francisco Gonçalves de
Mello, o capitão Alecho de Miranda e o Sr. Domingos Freire de Almeida
compraram, do mesmo Antônio Aranha e herdeiros, uma área correspondente a oito
quarteirões (região que compreende o terreno dos Carmonas, Margem do Rio
Paraitinga e Vila Henrique).
Em 09 de março de 1839, o Padre Manuel de
Faria Dória assentou a pedra fundamental da nova igreja matriz (dentro da
propriedade coletiva). Ainda em 1839, escravos, enquanto debulhavam milho,
assassinaram o senhor escravagista Alferes José Luiz de Carvalho.
Através
de escritura pública de 06 de agosto de 1841- livro n.º 27- fls.47 a 48,
Francisco Gonçalves de Mello, Alecho de Miranda, Domingos Freire de Almeida e
Floriana Rodrigues de Jesus, doaram a antiga propriedade do Aranha para a
servidão pública. Devido ao caráter social dessa atitude, são considerados
benfeitores do povoado de São Jozé do Parahytinga.
A
facção Liberal liderava o Ministério do 2º Reinado, mas foi substituída, em
1841, por um grupo Conservador. Os Liberais, derrotados sob a acusação de
fraude eleitoral se revoltam. Como resposta, preocupado com o avanço das
guerrilhas que cresciam no sul e sudeste do país, o Imperador determinou
vigilância nos acessos ao mar. Com isso, a Freguesia de São José do Paraytinga
passou a ser um Distrito Policial, com a interdição da Picada Dória, em 1842.
Com
estreita relação com o próspero Vale do Paraíba, São Jozé foi se adaptando às
novas necessidades. O avanço político mostra a Lei Provincial n.º 9, de março
de 1857 da Assembléia Legislativa Provincial eleva, para a categoria de Vila, a
Freguesia de São José do Paraytinga e obriga os seus habitantes a construírem a
sua Casa de Leis. A primeira composição Camarista da Vila foi formada em 02 de
dezembro de 1857.
Em
1866, fazendo valer a sua autoridade, a Câmara Municipal elaborou um documento
que regulamentava, em caráter, oficial as divisas do município.
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Bento Claro. Foto Faria. |
O
café é a força econômica paulista e São Jozé do Parahytinga um forte
coadjuvante. Em 1870, com a inauguração da estação ferroviária na atual
Guararema, abriram-se novas perspectivas. Segundo as narrativas de velhos
tropeiros, a caminhada até Mogi os obrigava a pernoitarem para atingirem o
comércio de Mogi das Cruzes; com a abertura da estação as margens do Paraíba esse
trajeto era feito em um dia. Esse itinerário permaneceu até meados do século
XX. Com essa conquista, ricos proprietários avançaram pelo alto Tietê e arredores.
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Campos Vergueiro. Divulgação |
Em
1874, a população duplicava, pulando de 1.935 para 4.103 habitantes. Um
documento distribuído pela Igreja católica mostra que, só neste ano um pároco -
Bento Claro - passou a residir na vila.
Em
13 de maio de 1888, a escravidão foi extinta. A falta de mão de obra levou os
senadores a buscarem alternativas. Então, em 1889, baseado numa experiência do
senador Nicolau de Campos Vergueiro, aprovaram a Lei das Parcerias, o que
possibilitou a vinda de imigrantes para trabalharem como colonos em regime de
meeiro. Cumprindo a exigência de terem profissão definida, pousaram em São Jozé
do Parahytinga e adjacências pessoas das mais diversas atividades. Vieram os
grandes artesãos da culinária (queijos, massas, bolos, carnes), da madeira
(linha, vigas, caibros, tábuas, esquadrias, acabamentos, carros de bois,
charretes, portas e janelas colônias), da cerâmica (tijolos, pisos artísticos).
Este núcleo estava em franca ampliação pelo território, formando a pequena
classe média. Fundaram-se escolas em que os professores ensinavam
gratuitamente. Como prova dessa conquista, temos a professora Henriqueta
Pereira que, em 1886, dava início, aqui, as suas atividades.
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Mestra Henriqueta. A.E |
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Campos Sales. Google. |
Mais
uma vez a força do Vale do Paraíba volta apesar nas decisões políticas e,
através da Lei Estadual n.º 470, de 20 de dezembro de 1896, o município passa a
pertencer à Comarca de Santa Branca. Na sessão da Câmara Municipal da Vila, do
dia 08 de junho de 1900, os edis solicitaram ao Governo Estadual a alteração do
nome do município de São Jozé do Parahytinga. Segundo a justificativa dos
legisladores, o desvio de correspondência entre São Jozé do Paraytinga e de São
Luiz do Paraytinga causava transtornos. Assim, os Joseenses do Paraitinga
desejaram homenagear Manuel Ferraz de Campos Sales, o que ocorreu, oficialmente,
em 16 de novembro de 1905. Para a nova denominação, o município buscou
inspiração na Grécia. Salesópolis significa “Cidade de Sales”.
Dados estatísticos conforme pesquisas de André R. da Silva, Google,
Graciete Miranda de Souza, Geraldo C.dos Santos, Revista
Salesópolis , jornal A Caminho, Foto Faria. *www.paraibuna.sp.gov.br/ história