Em meio às atribulações das
ruas, José corria em direção à estação. O trem estava partindo e ele tentava alcançá-lo.
Seus parentes, já embarcados, chamavam: - “Corre José! Largue essas bolsas e
apresse o passo! Você vai perder o trem”!
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Desesperado, ele não via
outra maneira de andar mais rápido. Trazia consigo muitas malas, contrário a tantos
que só usavam a roupa do corpo. Mas ele não conseguia se desvencilhar delas e
as arrastava pelas calçadas. O que ele transportava era algo pessoal, coisas
íntimas que os melhores amigos condenavam e nada faziam para socorrê-lo.
O trem já estava estacionado
e as pessoas, em grande contingente, iam se acomodando. Todos que chegavam
encontravam lugar e a passagem era gratuita. Chegou a hora e a composição partiu.
Ela tinha hora certa para sair, pois tem hora para chegar. Em meio a lamentos,
José não pode embarcar.
Sozinho na plataforma, vendo
que os últimos vagões sumiam na primeira curva, ele sentou e permaneceu em silêncio. Sentia-se
desprezado, ignorado pelas amizades. Remoia as palavras da família para que ele
abandonasse suas tralhas e alcançasse o trem. Tardiamente começou a examinar
seus pertences e a separar o que era desnecessário para aquela viagem. Não
demorou muito e a plataforma estava cheia de peças que não precisavam estar
ali. Guardados seus, coisas pessoais em desuso; vestimentas fora de moda que
por engano foram postas no baú. Cada uma tinha uma história e merecia ser
preservada, mas salvar algo é útil quando isso não se torna um transtorno na
vida, e aqueles pertences o fizeram perder a viagem.
Tomado pela emoção, decidiu a
muito custo abandonar tudo aquilo que era um estorvo. Movido de impulso, separou
o que era inútil enchendo as lixeiras do lugar. De todas as suas posses sobrou
uma pequena bolsa de mão e ele, decidido a mudar de vida, voltou para casa.
Mais uma vez o final de ano
chega e aquele trem estará de volta. No dia trinta e um de dezembro, a meia
noite, ele parte. Não espera por ninguém, pois seu destino é inadiável. Por ser
imaginário, ele comporta a todos que tiverem disposição, determinação; que forem
solidários e preparados para uma aventura baseada em altos e baixos,
expectativas e conquistas que serão concedidas a quem estiver na viagem.
Estende-se pelas doze estações que o separa da partida e a chegada. Por ser um
passeio, prático é nada levar além de malas para serem preenchidas.
Enquanto a hora não chega, deve-se avaliar aquilo que se pretenda usar nessa turnê.
Há tempo para que se abra mão do que é supérfluo, ver se sua bagagem não está
repleta de coisas fúteis que impedem a sua integração ao grupo. Ignorância,
omissão, imprudência, mesquinharia, são cargas emocionais que, fisicamente, não
ocupam espaço, mas podem retardar qualquer avanço na confraternização
universal. Portanto, para embarcar nessa viagem, basta desarmar o espírito,
envolver-se pelo desejo de mudança e buscar pelo trem.
Na entrada do novo ano, o
Expresso 2015 atracará e acomodará a todos aqueles que quiserem viver uma
grande e promissora aventura. Para tal, basta que esteja preparado e na estação!
Boa viagem!
Publicado no ano de 2010, no jornal -A Notícia - de Salesópolis, e reeditado em outras ocasiões.
Publicado no ano de 2010, no jornal -A Notícia - de Salesópolis, e reeditado em outras ocasiões.