A
Comunidade Bom Jesus do Serrote teve a sua origem na época dos tropeiros. Eles encontraram
naquele ponto área para descanso e a presença de água e de pastagem. Antes era
só uma trilha nativa, mas acabou fazendo parte da conhecida Rota do Sal e do
tráfico negreiro interligando-se ao litoral. O seu desenvolvimento foi
gradativo ganhando destaque no pós-guerra e na fase da exploração do carvão
vegetal.
Vista Central da Comunidade. |
A
primeira conquista relevante foi a doação do terreno (dois hectares
aproximadamente) para a construção da capela.
Ao
redor da igreja consagrada ao Bom Jesus, famílias se instalaram. Sitiantes
proletários animavam as celebrações e a vila ganhou destaque. Chegou a ter seu
cemitério, Inspetor de Quarteirão, comércio, escola local e foi elevada a
categoria de bairro.
O
desafio para administrar esse núcleo foi a sua localização. Pertence, oficialmente,
a Santa Branca, mas está situado num ponto extremo entre Paraibuna e
Salesópolis que, dentre os três municípios, é o mais próximo. Por isso, o
contato social, político, comercial e religioso predominou-se com ele. (A prova
disso foi o encerramento da última festa feita pelo padre Luciano Batata, de
Salesópolis, e o Coral Movic, de Jacareí).
Outra
particularidade desse bairro é a disponibilidade de festeiros permanentes que
oferecem alimentos nas celebrações e de ministros, leigos e corais que cuidam
das rezas mensais. Todos os meses do ano há uma família incumbida desse encargo.
As
dificuldades apareceram com as mudanças da economia. Com a queda da agricultura
de subsistência, do comércio do carvão e da atividade leiteira, veio a
monocultura do eucalipto onde os grandes latifundiários empregam pouca mão de
obra local. Distante dos centros urbanos e com precária oportunidade de
sobrevivência, seus membros foram dispersando...
No
entanto, nos últimos anos, grandes conquistas vieram:
Foi
ampliado e construído mais barracas de apoio;
Formou-se
um gramado natural nas dependências;
Foram
instalados bancos na praça, a energia elétrica; plantio de novas mudas de
árvores, melhoria nos sanitários;
Foi
reformado o campo de futebol;
Conquistou-se
a documentação que legitima a posse definitiva do terreno;
Fez-se
um pista para motocross, de caminhada e, nas últimas festas, consolidou-se o
encontro equestre - como nos tempos dos tropeiros reunindo centenas de
cavaleiros e amazonas.
Além
disso, é uma Comunidade que mantém um grupo autentico de Reza à capela e Dança de São Gonçalo. Mesmo tendo parte de seus
integrantes residindo em Santa Branca ainda preservam os ritos locais.
A
última conquista era a aquisição de água potável para atender a todos os convivas,
mas o processo de captação está adiantado.
Discutia-se,
ainda, a instalação de holofotes ao redor do campo de futebol para a sua
prática noturna.
Refez-se
a sociedade com as prefeituras e os proprietários locais na manutenção das
estradas de acesso.
Todo
gasto com sua infraestrutura vem das festas anuais e prendas.
Bom
Jesus do Serrote, mesmo sendo só um ponto de encontro, é a Comunidade mais bem
estruturada das redondezas.
Todavia,
diante de todos esses feitos, uma decisão inesperada foi anunciada aos seus membros:
o fim das celebrações mensais. Assim,
no terceiro domingo, no próximo dia 21 de setembro haverá a última celebração com
as 12 famílias festeiras e representantes da nova administração para que essa
ordem seja oficialmente comunicada.
Os
filhos e descendentes do lugar estão dispostos a colaborar; seja na liturgia ou
nos trabalhos de conservação sempre acudida pelos vizinhos; do contrário, a partir
desse encontro, a igreja será aberta somente para a festa anual e não se sabe quem
cuidará da manutenção e dos encargos típicos com a manutenção da Comunidade.
Considerando
a longa parceria com Salesópolis, os festeiros têm esperança de que uma nova proposta
conciliadora de eventos mensais venha a ser feita e que se preservem as
tradições seculares da querida Capelinha.